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Gases renováveis querem ter papel central na descarbonização

Ao longo do dia, os especialistas e responsáveis presentes na Lisbon Green Summit discutiram as alternativas renováveis que assumem cada vez maior importância, como o biometano e o hidrogénio verde, assim como as resistências à implementação que ainda existem e o que o futuro pode reservar

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A aposta nos gases renováveis cresce ao ritmo que o aproximar das metas ambientais e da ambicionada neutralidade carbónica pedem um esforço de todos os sectores e das empresas energéticas. O objetivo é que surjam alternativas viáveis e que sejam também agentes de mudança decisivos com impacto ao longo de toda a cadeia de valor.

Entre diretivas governamentais e comunitárias, as empresas energéticas e as distribuidoras procuram dar o contributo para caminhar de forma mais acelerada para a transição energética. Alternativas como o biometano e o hidrogénio verde ganham tração como complementos da rede de gás natural enquanto a mobilidade e as indústrias adaptam-se à nova realidade.

O problema poderá estar na consciencialização e literacia sobre o que verdadeiramente implicam as mudanças energéticas numa lógica de economia circular e o que falta fazer em termos de política pública para que todas as alternativas de eficiência energética sejam trabalhadas em conjunto para obter o melhor resultado possível.

Temas que estiveram em discussão ao longo do dia na conferência Lisbon Green Gas Summit, organizada pela Dourogás com apoio do Expresso, e que teve a participação de Nuno Afonso Moreira, CEO da Dourogás e Sonorgás; Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática; Armindo Monteiro, presidente da CIP; Alexandre Fernandes, presidente da ENSE; António Leitão Amaro, vice-presidente do PSD; Gabriel Sousa, CEO da Floene; João Filipe Jesus, diretor executivo da Dourogás GNV; Nelson Lage, president da ADENE; Paul Cheliak, vice-presidente da Canadian Gas Association; Andres Sarmiento, diretor da área de Sustainability e Corporate Affairs na Frontera Energy; Luis Miguel Ribeiro, presidente da AEP; Mathias Maedge, secretário-geral da NGVA Europe – Natural & Bio Gas Vehicle; Pedro Oliveira, líder da unidade de negócio da Dourogás; Pedro Verdelho, presidente da ERSE; Miguel Morgado, economista e doutorado em ciência política; Hugo Patrício Oliveira, vice-presidente da Comissão de Ambiente e Energia do Parlamento; Luis Mira, secretário-geral da CAP; Nuno Fitas, membro do conselho executivo da REN Portgás; Teresa Ponce de Leão, presidente do LNEG; Willian Lehmkuhl, CEO da S. Catarina Gás; Ricardo Emílio, diretor executivo da Dourogás Renovável; Sarah Johnson, chairman da Sonorgás; e António Mendonça Mendes, secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro.

Conheça as principais conclusões do evento.

Alternativas

  • Biometano, hidrogénio verde e outras formas de gases renováveis são vistos como formas de garantir um consumo energético mais amigo do ambiente.
  • "Posso revelar que em março injetamos 1 GWh de biometano importado na rede de gás em Portugal. É um marco histórico. No segundo semestre vamos injetar uma quantidade ainda maior", revelou Nuno Afonso Moreira.
  • Para Duarte Cordeiro, “a cadeia de valor do biometano permite”, por exemplo, “um coproduto que pode ser utilizado na agricultura como fertilizante” e contribuir decisivamente para a “transição para uma economia mais circular”.

Garantir a descarbonização

  • “Iniciar a descarbonização do país é uma opção imediata”, garante Armindo Monteiro.
  • As metas nacionais e comunitárias obrigam a uma redução acelerada das emissões de gases com efeito de estufa e aos diferentes sectores da economia a adotarem medidas para reduzir os consumos sem perder eficiência energética e económica.
  • “O maior desafio que temos é andar rápido a um custo economicamente aceitável”, resume Alexandre Fernandes.

Cidades mais verdes

  • Na opinião de António Leitão Amaro, “aproveitar os resíduos sólidos urbanos para produção de biogás e biometano” dá corpo a uma “verdadeira economia circular”, com todos os benefícios que isso pode trazer para as questões ambientais em ambiente urbano.
  • O sector da mobilidade é dos que consome mais energia, pelo que encontrar fontes de energia renováveis eficientes entre gás ou eletricidade é visto como essencial.
  • Podemos “atingir os objetivos de neutralidade com as redes de gás”, confia Gabriel Sousa.

Papel da indústria e reguladores

  • O papel demasiado interventivo das instituições foi criticado por alguns dos intervenientes, que pedem medidas mais eficazes e menos restritivas no sentido de garantir uma transição energética mais justa.
  • São necessários “processos de decisão regulatória mais adequados aos tempos que vivemos”, aponta Pedro Verdelho.
  • Pedro Oliveira deixa mesmo a questão: “Quanto é que a transição energética nos está a custar?”

Aproveitar os resíduos

  • "Os agricultores estão interessados em fazer isso", afirma Luís Mira em referência à utilização de resíduos da produção agrícola para a produção de gases renováveis.
  • “A estratégia nacional para o biometano vai permitir acelerar todo o processo”, acredita Teresa Ponce de Leão.
  • Segundo Nuno Fitas “temos um grande potencial de valorização a partir do resíduo”.

O que reserva o futuro

  • Mudanças demográficas no mundo e em particular na Europa obrigam a repensar os modelos de desenvolvimento e a forma como utilizamos a energia nos processos produtivos.
  • Situações de volatilidade no domínio da geopolítica são cada vez mais frequentes e colocam em perigo as cadeias de distribuição globais cada vez mais interligadas, o que vai continuar a acelerar a procura de novas soluções.
  • “O problema da energia é o problema de acesso a fontes de energia”, afirma Miguel Morgado
  • “Devemos às gerações futuras tudo o que possamos fazer para assegurar a transição climática”, aponta António Mendonça Mendes.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

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