O cibercrime não dá mostras de parar e, pelo contrário, aparece como algo omnipresente e munido de ferramentas cada vez mais sofisticadas para causar prejuízos de diversos tipos junto de organizações, empresas, ou pessoas. A crescente digitalização da sociedade oferece mais canais para burlas ou roubo de dados, pelo que é essencial perceber os mecanismos legais que podem ajudar a travar estes ataques e o que está a ser feito para combater o crime e aumentar a segurança.
“Nesses muitos riscos, o jurídico, no seu sentido mais amplo, ou seja, como tudo o que vem do ou respeita ao Direito, é um dos mais significativos, e também ele tem várias facetas”, resume Rui Patrício, sócio da Morais Leitão, que destaca duas: “A implementação de programas de cumprimento normativo", o chamado compliance, e a “resposta e adaptação às novas ameaças que surgem”, sobretudo tecnológicas. "É por isso que a gestão de risco não se basta já, se é que alguma vez se bastou, com o plano estrito da lei e dos" regulamentos", atira.
O advogado será um dos presentes na quinta reunião do Conselho de Segurança, organizada pelo Expresso em parceria com a Morais Leitão, e que terá precisamente como tema as novas ameaças digitais e os mecanismos legais disponíveis para as debelar. “As grandes tendências no cibercrime, no plano quantitativo, continuam a ser os mesmos tipos de crime, embora com modos de execução distintos”, explica o associado coordenador da Morais Leitão, David Silva Ramalho. “Continuam a ocupar um lugar estatisticamente muito relevante as burlas, na modalidade de phishing, as extorsões, na modalidade de ransomware, e, claro, os ataques informáticos, na modalidade de hacking”.
"A realidade em que as empresas se movimentam hoje exige uma adaptação constante aos diferentes tipos de risco inerentes à atividade económica", sustenta David Silva Ramalho
Para combater estas ameaças, os metadados (dados de tráfego e localização nas comunicações), são considerados essenciais, mas enquanto o Tribunal Constitucional chumbou a lei que permite o seu uso, tenta-se encontrar uma solução legislativa que permita desbloquear a situação. O procurador na Procuradoria-Geral da República - DIAP Regional do Porto, Nuno Serdoura dos Santos, avisa que “não sendo possível a conservação dos dados de tráfego/localização e a sua posterior utilização probatória, há muitos fenómenos criminais cuja investigação e repressão será em muitos casos impossível”.
Por parte das empresas, o desafio está também em perceber se as normas estão a ser cumpridas para minimizar o “risco, sobretudo o “regulatório, reputacional e financeiro”, afirma a sócia da Morais Leitão, Magda Viçoso. Ou seja, se por um lado, a atenção às regras evita “que se concretizem os riscos associados a práticas que podem ser de natureza económica, sancionatória ou reputacional”, por outro lado, já pode dizer-se que o selo de compliance é, em si mesmo, um catalisador de negócio", garante Duarte Santana Lopes, sócio da Morais Leitão.
foi quanto já aumentaram as burlas online em 2023 face a 2022, com as perdas estimadas a ascenderem aos €2 milhões, segundo um estudo realizado pelo "Portal da Queixa by Consumers Trust"
O que é?
Em 2022, o Expresso - em conjunto com Continente, Galp, Altice, Allianz, Morais Leitão e ACIN - lançou um projeto para avaliar a nossa segurança em várias vertentes. Ao longo dos próximos meses queremos construir um Conselho de Segurança, lançando debates, promovendo temas, reunindo stakeholders e influenciando políticas públicas.
Quando, onde e a que horas?
Segunda-feira, 8 de maio, no edifício da Impresa, a partir das 9h30.
Quem são os oradores?
- Rui Patrício, Sócio, Morais Leitão
- David Silva Ramalho, Associado Coordenador, Morais Leitão
- Nuno Serdoura dos Santos, Procurador na Procuradoria-Geral da República - DIAP Regional do Porto
- Magda Viçoso, Sócia, Morais Leitão
- Duarte Santana Lopes, Sócio, Morais Leitão
- Ana Ribeiro Marques, Head of Compliance, The Navigator Company
Porque é que este tema é importante?
Porque a segurança jurídica é cada vez mais importante para nos proteger dos desafios digitais e regulatórios que pairam sobre as organizações, empresas e pessoas. Entre cibercrime, normas cada vez mais apertadas e riscos de privacidade, trata-se de um meio difícil de navegar e que exige maior clarificação legal.
Como posso assistir?
No Facebook do Expresso.
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