Floresta procura o seu lugar em resposta às novas exigências económicas
O arranque da conferência contou com uma mensagem vídeo de Elvira Fortunato
Ana Brígida
O arranque da conferência contou com uma mensagem vídeo de Elvira Fortunato
Ana Brígida
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A "Bioeconomia de Base Florestal" colocou vários especialistas da indústria e da academia a falarem sobre as grandes questões de futuro que pairam sobre a economia florestal, desde a aposta em soluções mais sustentáveis e amigas do ambiente, às dificuldades provocadas pela conjuntura pública. Uma dicotomia que preocupa mas que vai marcar o futuro
A economia de base florestal e os seus derivados vivem uma fase de transição em que se juntam as pressões do consumo às novas exigências de sustentabilidade que guiam as decisões e a legislação enquanto tentam aplicar lições antigas de circularidade a desafios atuais.
Aproveitar o desperdício e tentar desmistificar a visão que a sociedade e muitas pessoas na esfera política têm sobre a bioeconomia florestal, sobretudo sobre a fileira de eucalipto, é também visto como essencial para que não se descurem recursos essenciais e não se comprometa o papel da floresta como sequestradora de CO2 e importante ativo económico.
Preocupações que estiveram sempre presentes ao longo da manhã no edifício do Grupo Impresa, onde uma série de responsáveis do sector estiveram presentes para a conferência "Bioeconomia de Base Florestal", organizada pela Navigator em parceria com o Expresso para traçar um retrato do que está em risco e do que é preciso salvaguardar na data quem que se celebra o Dia Mundial da Árvore e da Floresta.
O evento contou com a participação à distância de Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Jori Ringman, diretor–geral da CEPI; e presencialmente com Emídio Gomes, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Francisco Gomes da Silva, professor do Instituto Superior de Agronomia; Júlia Seixas, pró-reitora da Universidade Nova de Lisboa; Luís Mira, secretário-geral da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal; Adelaide Alves, diretora de R&D da Sonae Arauco; Paula Pinto, coordenadora de Investigação e Desenvolvimento do RAIZ - Instituto de Investigação da Floresta e do Papel; Eduardo Soares, administrador executivo e diretor de Inovação e Project Management da Amorim Cork Composites; Gabriel Sousa, diretor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da Altri; José Oliveira, diretor de Vendas, Marketing e Inovação da DS Smith Packaging; e António Redondo, CEO da The Navigator Company.
Estes foram os principais tópicos em discussão.
Encruzilhada
A bioeconomia de base florestal vive uma fase em que procura equilibrar as pressões da sustentabilidade com a necessidade dos produtores em manter-se competitivos e financeiramente saudáveis.
“A floresta tem vindo a fazer o seu caminho”, acredita Francisco Gomes da Silva.
Júlia Seixas acrescenta que estamos ainda “a viver entre vários tipos de economia”.
Diabolização do eucalipto
A má imagem que o eucalipto tem é visto pelos responsáveis do sector como prejudicial e resultado de uma visão errada e promovida por certos sectores da sociedade sem ter em conta o ativo que estão a desperdiçar.
Existe um “preconceito ideológico brutal contra o eucalipto”, sustenta Luís Mira.
Mudar essa imagem é visto como essencial para manter a economia florestal como uma parte relevante da gestão territorial e do fabrico económico. “Precisamos de ter maior disponibilidade de matéria-prima”, defende Eduardo Gomes.
Políticas públicas
Responsáveis apontam o dedo à falta de uma política efetiva por parte das estruturas governativas que definam um caminho mais equilibrado e ajude a indústria nesta fase de transição.
Na opinião de Emídio Gomes, há uma “ausência completa de uma política para o território”.
O reitor lembra ainda que precisamos “urgentemente de motivar jovens para o ensino deste sector”
Novas soluções
“Foi preciso investimento e aprender a trabalhar” para aprofundar novas soluções dentro do ecossistema industrial da bioeconomia florestal, garante Adelaide Alves.
É preciso “acrescentar valor”, reforça Gabriel Sousa.
Só assim será possível contribuir para a “mitigação dos efeitos e combate às alterações climáticas”, aponta António Redondo.