A terceira edição da Waste Summit trouxe para cima da mesa temas ligados à economia, consumo e sustentabilidade, e juntou alguns dos principais especialistas do sector no Museu da Eletricidade, em Lisboa, para perceber como podemos melhorar a situação e garantir um futuro mais sustentável
O cenário não é o mais prometedor, mas há vontade de mudar para que as alterações não cheguem tarde de mais. Até porque o consumo de produtos eletrónicos e respetivas embalagens vai continuar e são necessárias alternativas ao modelo económico vigente, assim como aos sistemas de recolha e reciclagem de resíduos.
A opinião parece consensual entre os responsáveis por empresas e associações ligadas à sustentabilidade que marcaram presença esta tarde no Museu da Eletricidade, em Lisboa, para falaram sobre economia, consumo e sustentabilidade na Waste Summit 2022, que juntou Expresso, ERP Portugal, Novo Verde e LG Electronics Portugal para traçar o retrato de Portugal no contexto global e perceber como podemos melhorar.
O evento contou com a presença de Ricardo Neto, presidente da ERP Portugal e da Novo Verde; Bernardo Corrêa de Barros, presidente da Sailors for the Sea; João Wengorovius Meneses, secretário-Geral da BCSD Portugal; Hugo Jorge, diretor de Marketing da LG Portugal; Jorge Cristino, especialista em Sustentabilidade; Carolina Almeida Cruz, co-fundadora da C-MORE; e Fernando Leite, administrador delegado da Lipor - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto.
Conheça as principais conclusões.
Cumprir metas
Portugal está longe de cumprir as metas para reciclagem de equipamentos eletrónicos e os responsáveis realçam a necessidade de fazer mais.
“Temos que chamar a atenção para esta problemática. Alguma coisa deve ser feita”, aponta Ricardo Neto.
Não cumprir as metas europeias pode ter graves consequências ambientais e financeiras.
Literacia ambiental
É preciso consciencializar a população e as empresas para os desafios que se avizinham e isso só se consegue com investimento e aposta na mudança de comportamentos da sociedade.
“É importante alterar o mindset das pessoas e organizações”, afirma Jorge Cristino.
Para Bernardo Corrêa de Barros, "ou conseguimos envolver o consumidor neste ciclo ou a mensagem é estéril".
Economia circular
“Sem pensar na circularização não vamos conseguir diminuir a produção e o consumo”, aponta Jorge Cristino.
Os princípios da economia circular são essenciais para que a produção dos produtos eletrónicos e das embalagens não esgote os recursos e leve as empresas a repensarem o seu modelo económico.
Reutilizar equipamentos e utilizar materiais reciclados e de reciclagem mais fácil na fase da conceção estão entre as medidas a incentivar para que a economia circular seja uma verdadeira realidade.
Políticas públicas
Os responsáveis assumem a necessidade das empresas envolveram-se mais neste processo e aumentarem o ritmo de mudança para atingir as metas, mas pedem também uma intervenção mais efetiva do Estado.
"Há ainda muito para fazer", resume Hugo Jorge.
Impedir desvios no processo de recolha de resíduos e implementar medidas mais eficazes de incentivo à sustentabilidade pode fazer a diferença.
“Antes das empresas, está o sector público”, defende João Wengorovius Meneses.