Só 7% acham que Portugal está preparado para novas pandemias
Sondagem sobre a perceção da covid-19 em Portugal lança dúvidas sobre a confiança da população perante a possibilidade vagas pandémicas futuras
Sondagem sobre a perceção da covid-19 em Portugal lança dúvidas sobre a confiança da população perante a possibilidade vagas pandémicas futuras
No dia 2 de março de 2020, em Portugal, registava-se o primeiro caso de infeção por covid-19. Quase três anos volvidos, o Expresso quis saber o que pensam os portugueses sobre a evolução da pandemia através de um estudo que contou com mais de mil inquiridos. Os dados mostram que 96% das pessoas acreditam em novas pandemias, apesar de só 7% dos portugueses pensarem que o país está completamente preparado para fazer frente ao aparecimento de novos vírus.
“Nós nunca estamos verdadeiramente preparados para as pandemias, porque a característica das mesmas é serem absolutamente imprevisíveis”, lembra Joaquim Oliveira, presidente da Sociedade Portuguesa de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica. Mas o especialista acrescenta que o país “conseguiu responder”. A verdade é que, para 61% dos portugueses, a pandemia ainda não nos deixou, sendo que os restantes 39% pensam que a covid-19 é hoje mais uma doença transmissível, como a gripe. Outro dado curioso é que 71% tencionam manter hábitos adquiridos como forma de prevenção e, mesmo que poucos tenham plena confiança de que o país conseguirá dar uma reposta eficaz ao surgimento de situações similares no futuro, 89% dizem estar satisfeitos com o desempenho das empresas e instituições científicas. “Aprendemos muito durante esta época e estaremos melhor para a próxima. Preparados a 100% nunca estaremos”, garante Joaquim Oliveira.
Tendencialmente, os portugueses têm encarado o programa nacional de vacinas como um dever e a vacinação contra a covid-19 não é exceção: 91% dos inquiridos reconhecem a importância do programa de vacinação, 95% foram vacinados contra a covid-19 e 76% tencionam cumprir o futuro plano de vacinação. De entre as pessoas inquiridas que não quiseram ser vacinadas (5%) ou que não cumpriram o programa de vacinação até ao fim (13%), as principais razões apontadas para tomar a decisão foram: o ceticismo em relação aos benefícios da vacina (28%) e o receio de desenvolver alguma complicação resultante da mesma (23%).
Durante a pandemia, 38% recorreram ao SNS 24 e 82% destes ficaram satisfeitos com o serviço. Dos 28% de portugueses que recorreram ao Centro de Saúde, 59% encaram o seu funcionamento como positivo, sendo que a mesma percentagem de satisfação se aplica aos 14% que recorreram ao hospital. Por fim, 13% recorreram ao serviço de urgência e 54% dessas pessoas dizem ter tido uma experiência positiva.
No campo da saúde mental, 42% dos inquiridos tiveram sequelas psicológicas, mas a maioria (58%) afirma não ter tido problemas. Entre os que os tiveram, a ansiedade (27%) e uma maior irritabilidade (18%) foram os mais referidos.
Nas próximas semanas, o Expresso lançará um projeto sobre COVID, com consultórios com especialistas e eventos para debater os desafios do pós-pandemia, num projeto que conta com o apoio da Sociedade Portuguesa de Doenças Infecciosas e Microbiologia clínica e da Gilead
Textos originalmente publicados no Expresso de 6 de janeiro de 2023
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