Mais digital, mais disponível, e mais equitativa. A receita para os cuidados de saúde é dada pelos especialistas do sector, mas não se afigura fácil de aplicar, sobretudo numa altura em que continuamos a sofrer com os efeitos da pandemia, sobretudo no avolumar (ainda por avaliar na totalidade) das doenças crónicas.
Recuperar as atividades médicas que ficaram por realizar como resultado da covid-19 é um processo em curso e pede inovação para que os danos para os doentes crónicos não sejam irreversíveis. Por isso o tópico esteve na base dos projetos universitários apresentados hoje, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, como resultado da 13ª edição do Angelini University Award, e que reconheceu duas ideias com potencial de mudar o panorama da prestação de serviços de saúde em Portugal.
O primeiro lugar coube ao “PainCheck”, projeto que consiste numa aplicação móvel de reconhecimento facil com recurso à inteligência artificial para diagnosticar dores em doentes com demência e que garantiu um €10 mil. Já o prémio de €5 mil para o segundo lugar foi atribuído ao projeto “CPRaR – Capacitar para pensar raro.”, assente na melhoria da experiência dos doentes e famílias com doenças raras durante a jornada do diagnóstico, promovendo a literacia e a partilha de informações através de uma plataforma pioneira.
Além da apresentação das cinco ideias finalistas, ao longo do dia houve também espaço para as intervenções de Andrea Zanetti, diretor-geral da Angelini Portugal; Adalberto Campos Fernandes, professor e médico especialista em saúde; Catarina Baptista, vice-Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares; Isabel Saraiva, presidente da Associação Respira; Joaquim Gago, professor e médico psiquiatra; Luís Campos, presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente e presidente da Comissão de Qualidade e Assuntos Profissionais da Federação Europeia de Medicina; Eduardo Ribeiro, diretor médico da Angelini Pharma Portugal; Elsa Frazão Mateus, presidente da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas; Luís Lourenço, presidente da Direção da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos; Rubina Correia, membro do Conselho Nacional da Ordem dos Médicos e Especialista em Medicina Geral e Familiar; e Miguel Telo de Arriaga, chefe da Divisão de Literacia em Saúde e Bem-Estar da DGS.
Conheça as principais conclusões do debate.
Emergência demográfica
- “Vivemos num dos países mais envelhecidos e empobrecidos da Europa e não vamos sair disto nos próximos dez anos”, aponta Adalberto Campo Fernandes.
- O aumento da idade média da população vai trazer consigo mais desafios no campo das doenças crónicas e no acompanhamento dos doentes.
- É preciso gizar planos e projetos que tenham em conta a situação demográfica.
Impacto duradouro
- A pandemia teve consequências cujos efeitos ainda estão por aferir na totalidade, mas cujo impacto ainda se irá sentir nos próximos anos.
- “Tudo o resto desapareceu e tudo o resto tem que ser retomado”, resume Catarina Baptista.
- Vão continuar a surgir doenças em estados mais avançados, o que acarretará custos mais elevados para o sistema de saúde.
Dificuldades de literacia
- “O cenário é muito diferente daquele que vivíamos há um ano”, aponta Andrea Zanetti.
- Os intervenientes do sector pedem novos processos e programas para melhorar a literacia da população.
- Num cenário de menores recursos humanos por parte do SNS, é importante perceber o que está em causa.
Inovação
- Entre os cinco projetos finalistas, a tónica comum foi a da aplicação da inovação para melhorar os cuidados de saúde.
- “A telemedicina”, por exemplo, “veio para ficar, acelerou muito com a pandemia”, garante Rubina Correia.
- A digitalização é vista com um processo importante para melhorar a acessibilidade dos doentes e oferecer mais métodos de diagnóstico.
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