26 setembro 2022 12:45

Cada português desperdiça, em média, 97 quilos de alimentos por ano
d.r.
Em jeito de celebração do primeiro Dia Nacional da Sustentabilidade, que se comemorou este domingo, 25 de setembro, o Expresso associa-se à Deco Proteste para uma conferência em que um conjunto de marcas procurará refletir sobre o seu papel no desenvolvimento de cidades mais sustentáveis, na redução do desperdício, e na preservação da vida dos oceanos, com vista a concretizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015
26 setembro 2022 12:45
Mudar comportamentos de consumo para cumprir com as metas definidas pelas Nações Unidas através dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que, desde 2015, procuram sensibilizar a população mundial para a preservação dos recursos naturais e para a igualdade de acesso a condições de vida condignas, é também o propósito da campanha da DECO Proteste “Dia S”.
Lançada no início de setembro com o mote de mudar comportamentos e de divulgar a implementação do Dia Nacional da Sustentabilidade – aprovado pelo Parlamento no início de 2021, para o dia 25 de setembro -, a campanha juntou a associação de defesa do consumidor a um conjunto de parceiros para concretizar a missão de esclarecer o que é a sustentabilidade, a emergência climática e a urgência de implementar novos comportamentos que promovam um desenvolvimento económico, social e ambiental mais sustentável. Bureau Veritas, Cepsa, Lidl, MEO e MSC são as marcas que se associaram a este projeto e que marcarão presença na conferência que se realiza esta tarde, em Lisboa.
1,6 milhões
de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente no mundo
Ajudar os consumidores a ser mais responsáveis
Com a meta de 2030 a aproximar-se, os ODS ainda estão longe de ser uma realidade. Em Portugal, o cumprimento destes objetivos coloca o país em 27º lugar, entre 180 países, segundo o Relatório de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o que significa que o caminho até à meta ainda será longo. É também por isso que as marcas estão conscientes de que desempenham um papel essencial na mudança de comportamentos de consumo.
Um dos pontos de partida para a sustentabilidade são as cidades mais amigas dos seus habitantes. A mobilidade é um elemento central, com a multiplicação de opções de transporte elétricas, seja em veículos privados ou coletivos, ainda a precisar de ser incentivada. “O desenvolvimento de uma cidade sustentável deve incluir novas arquiteturas, onde o conforto e a mobilidade leve sejam o foco, e que incorpore ainda zonas verdes, recuperação de rios e linhas de água, novas infraestruturas de transportes públicos limpos, e consumo responsável de energia com preferência pelas energias renováveis e sustentáveis”, defende Rui Romano. Para o diretor de Rede da Cepsa, a educação ambiental, desde cedo, bem como o reconhecimento e incentivo das boas práticas “são fatores-chave que vão pressionar as entidades publicas e privadas a optar por modelos de gestão mais verdes, tanto das cidades como das autarquias”.
O desperdício alimentar representa outro grande desafio nas sociedades mais desenvolvidas. Anualmente, em todo o mundo, são desperdiçadas 1,6 mil milhões de toneladas de alimentos e, em Portugal, cada pessoa desaproveita todos os anos, em média, 97 quilos. Na opinião de Patrícia Franganito, a comunicação deste tema é fundamental para educar a sociedade. No caso das empresas, a gestora de certificação e formação no Bureau Veritas, explica que o primeiro passo é o mais difícil. “Quando as empresas percebem que a circularidade dos seus produtos, e que o menor desperdício, melhora o seu desempenho financeiro e ambiental, conseguem debruçar-se sobre esses projetos, com dedicação”.
No sector do retalho, estas preocupações são crescentes e a sensibilização dos consumidores é também uma preocupação do Lidl Portugal. Elena Aldana, Diretora de Assuntos Públicos, Comunicação e ESG desta insígnia, destaca a importância de ações como a que promove a venda de produtos no último dia de validade com descontos de 50%, uma iniciativa que, em cerca de um ano, evitou que cerca de 3 milhões de produtos fossem desperdiçados. “Do total destes produtos, que estavam bons demais para serem deixados para trás, 35% eram unidades de padaria; 23% frescos; 34% carnes e 8% unidades de peixe”, salienta a responsável. Contudo, acrescenta, que no Lidl existem várias outras iniciativas, desde a consciencialização dos consumidores, à promoção da circularidade dos produtos. As sobras alimentares são convertidas em ração animal, e as frutas e legumes em composto para a agricultora. “Este composto pode ser aplicado em agricultura e em jardinagem, como fertilizante”, explica.
A promoção da pesca sustentável é outra meta dos ODS, assegurando uma fonte vital de alimentos ricos em proteínas para a crescente população do planeta. “Os ecossistemas marinhos estão sob uma enorme pressão e uma das grandes ameaças é a sobrepesca”, explica Rodrigo Sengo. Segundo o consultor do Marine Stewardship Council (MSC) para Portugal, este é um problema global que afeta não só a saúde dos ecossistemas marinhos, mas também milhões de pessoas que dependem da pesca, direta ou indiretamente. Segundo a FAO, a nível global, a sobrepesca continua a aumentar com 35% stocks a serem explorados a níveis insustentáveis. “Trata-se de uma tendência negativa, uma vez que na década 70 esta percentagem rondava os 10%”, salienta o representante do MSC.
A conferência desta tarde terminará com um debate sobre o papel das marcas na defesa dos ODS, moderado por Paulo Baldaia, e com a presença de Rui Romano, Patrícia Franganito, Elena Aldana, e Rodrigo Sengo.
“O desenvolvimento de uma cidade sustentável deve incluir novas arquiteturas, onde o conforto e a mobilidade leve sejam o foco, e que incorpore ainda zonas verdes, recuperação de rios e linhas de água, novas infraestruturas de transportes públicos limpos, e consumo responsável de energia com preferência pelas energias renováveis e sustentáveis”, defende Rui Romano
PARAR PARA PENSAR: SUSTENTABILIDADE
O que é?
A conferência "Parar para Pensar: Sustentabilidade" visa refletir sobre os desafios que o tema coloca à sociedade nos próximos anos e décadas. Trata-se de uma iniciativa da Deco Proteste, a que o Expresso se associou.
Quando, onde e a que horas?
No dia 26 de setembro, às 15h, no ‘Edifício’, em Lisboa.
Quem são os oradores?
- Rui Romano, Cepsa
- Patrícia Franganito, Bureau Veritas
- Elena Aldana, Lidl
- Rodrigo Sengo, MSC
- Inês Ferreira, MEO
Porque é que este tema é central?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram identificados, em 2015, pela ONU, momento em que foi definida a meta de concretizar estes desafios até 2030, com vista a garantir um mundo mais sustentável. A menos de dez anos, o mundo ainda tem um longo caminho a percorrer para cumprir com estes objetivos, e a pandemia não veio ajudar. Qual o caminho? E que papel têm as marcas neste percurso? São as questões a que os participantes desta conferência irão procurar responder.