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“As universidades precisam de ser torres de marfim com portas abertas para o mundo”

O debate moderado pela jornalista Ana Peneda Moreira contou com a presença de Maria de Lurdes Rodrigues (ISCTE), Ana Cristina Araújo (Universidade de Coimbra), João Caseiro (Associação Académica de Coimbra) e, via videoconferência, Guilherme d'Oliveira Martins (Fundação Calouste Gulbenkian)
O debate moderado pela jornalista Ana Peneda Moreira contou com a presença de Maria de Lurdes Rodrigues (ISCTE), Ana Cristina Araújo (Universidade de Coimbra), João Caseiro (Associação Académica de Coimbra) e, via videoconferência, Guilherme d'Oliveira Martins (Fundação Calouste Gulbenkian)
Rui Oliveira

A frase é de Maria de Lurdes Rodrigues, antiga ministra da Educação, que diz ainda existir muito a fazer para melhorar o ensino superior em Portugal. No início do novo ano letivo, a Universidade de Coimbra e o Expresso juntaram-se para debater os principais desafios nesta área

Francisco de Almeida Fernandes

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A azáfama que se sente esta segunda-feira pelas ruas do centro histórico de Coimbra, junto àquela que é a universidade mais antiga do país, é reveladora do entusiasmo dos estudantes, maioritariamente jovens, em relação ao ensino superior. Porém, hoje, 250 anos depois das Reformas Pombalinas, é preciso refletir para descobrir como “responder aos desafios do século XXI” numa altura em que “o mundo está a mudar muito rapidamente”. Os efeitos [da pandemia e da guerra] na economia ainda não se fizeram realmente sentir, a inflação e a crise energética já se mostraram, mas o pior ainda está para vir”, começou por dizer o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão.

Mas estes são problemas que “extravasam” o universo académico. Aqueles que diretamente lhe dizem respeito, enuncia, são o “subfinanciamento crónico, um inverno demográfico anunciado e um problema sério no que concerne ao emprego científico”. E parte da solução está na decisão “absolutamente estrutural” sobre se o país deve, ou não, manter um sistema binário de ensino superior.

O debate “Criar para renovar: os desafios do ensino superior”, organizado pela Universidade de Coimbra e ao qual o Expresso se associou, juntou ainda Maria de Lurdes Rodrigues (ISCTE), Guilherme d’Oliveira Martins (Fundação Calouste Gulbenkian), Ana Cristina Araújo (Universidade de Coimbra) e João Caseiro (Associação Académica de Coimbra). Conheça, abaixo, as principais conclusões da mesa-redonda.

O reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, considerou o "subfinanciamento crónico" das instituições de ensino superior como um dos principais desafios a endereçar
Rui Oliveira
  • Do ponto de vista da muitas vezes apregoada geração mais qualificada de sempre, é preciso garantir “oportunidades de carreira” e “estabilidade” aos jovens licenciados para que não saiam do país, aponta João Caseiro. “São jovens que, muito provavelmente, preferiam ficar em Portugal. Não saem tanto por vontade, mas antes por necessidade”, refere.
  • Durante o discurso de encerramento, o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Teixeira, reforçou a confiança nos mecanismos do Governo para fortalecer o sistema – nomeadamente por via da prevenção do abandono universitário e da duplicação de alojamento para estudantes – e reiterou a importância das suas instituições. “Não há futuro para o país se não tivermos um ensino superior forte”, rematou.
“Não há futuro para o país se não tivermos um ensino superior forte”, afirmou Pedro Teixeira, secretário de Estado do Ensino Superior
Rui Oliveira

Janela aberta para a sociedade

  • “Se há algum fator que podemos identificar como decisivo para a modernização do país, chama-se ensino superior”, garantiu Maria de Lurdes Rodrigues. A evolução do acesso – que permitiu a 60% dos jovens com 20 anos a frequência no ensino superior – está intimamente ligada ao progresso da sociedade.
  • A antiga ministra da Educação diz ainda que as instituições de ensino são abertas, e é nessa relação próxima com a sociedade e outras organizações que está a mais-valia das universidades e institutos politécnicos. “As universidades precisam de ser torres de marfim com portas abertas para o mundo”, reforçou.
  • Guilherme d’Oliveira Martins acrescenta também a importância da dinâmica entre ciência e cultura, que beneficiaria, defende, de melhor “articulação entre o ensino secundário e o ensino superior”.

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