Projetos Expresso

A sustentabilidade é uma questão cultural

A decisão de ser sustentável está nas mãos de cada um. É preciso mudar comportamentos e mentalidades, informar e ajudar os consumidores nas escolhas. Uma opinião unânime entre os participantes na conferência “Parar para Pensar: Sustentabilidade”, que decorreu esta tarde no edifício sede da Impresa, uma iniciativa que associa o Expresso à Deco Proteste, e que conta com o patrocínio da Google

Fátima Ferrão

Nelma Serpa Pinto, jornalista da SIC Notícias, moderou o debate sobre Sustentabilidade, no qual participaram Sérgio Fais, da Docapesca, Isa Cardoso, do LIDL, Rosa Monforte, da ERP Portugal, e Rita Rodrigues da Deco Proteste
Loading...

António Guterres disse recentemente na Assembleia das Nações Unidas que a humanidade está a cavar a sua própria sepultura. Mas Rita Rodrigues vai ainda mais longe. “Estamos a cavar as sepulturas desta geração e das próximas”, disse a diretora de relações institucionais da Deco Proteste, durante a sua participação na conferência “Parar para Pensar: Sustentabilidade”, inserida num ciclo de oito conferências que decorrem ao longo de quatro semanas. Mais do que discutir o tema, a representante da associação de defesa do consumidor, acredita que é preciso agir. “Ajudar o consumidor nas escolhas e destacar as empresas cuja atuação é verdadeiramente sustentável”.

Para Sérgio Faias, presidente do conselho de administração da Docapesca, “a sustentabilidade é uma questão cultural” e, por isso, defende que a sensibilização da sociedade é essencial. O responsável da Docapesca exemplifica com campanhas educativas. Isa Cardoso, responsável de compras do LIDL, destaca que o desperdício alimentar deve ser “trabalhado logo na cadeia de valor”. Como os legumes frescos que não são vendidos serem reaproveitados para as sopas e o pão para fazer farinhas e rações para animais, por exemplo.

Já no mundo da reciclagem, Rosa Monforte, diretora-geral da ERP Portugal, destaca a importância desta prática para a economia circular. A responsável sublinha o reaproveitamento de alguns componentes dos equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE).

Conheça outras conclusões:

  • “O sector alimentar está mais aberto à sustentabilidade, com vista a combater o desperdício”, acredita Rita Rodrigues. Na sua opinião, a pandemia contribuiu para uma maior preocupação com estes temas e para uma maior consciencialização dos consumidores no momento de planear as compras. “Cada português desperdiça, em média, 130 quilos de alimentos por ano”, destaca. Por isso, recomenda, um maior planeamento das compras e melhores escolhas. “A alimentação pode ser saudável, sustentável e criativa só com os produtos que temos em casa”.
  • Nas pescas, revela Sérgio Faias, um dos desafios, além da sustentabilidade das espécies, passa por retirar do mar o lixo que continua a dar à costa. “A maior parte do lixo vem dos rios e não da atividade da pesca”, afirma. Em 17 dos 23 portos geridos pela Docapesca, os barcos que chegam da faina trazem resíduos, que apanham em alto mar ou que fica preso nas redes, para reciclar. “Temos que lembrar-nos que o mar começa à nossa porta”, aponta o administrador da Docapesca, recordando que tudo o que atirarmos para os esgotos ou sarjetas acaba por chegar ao mar.
  • A reciclagem e a eficiência energética começam a ganhar relevância com a regulação e a introdução de normas que garantem um maior controlo sobre os ciclos produtivos. Rosa Monforte acredita que este controlo é fundamental para que as empresas introduzam melhores práticas na sua produção.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate