Prémio Produção Nacional 2015

Os dias de aromas de Laura depois de treze anos na banca

Laura está feliz: "Plantar, mexer na terra, dá-me liberdade de espírito"
Laura está feliz: "Plantar, mexer na terra, dá-me liberdade de espírito"
Licenciada em Gestão de Empresas, Laura era bancária até que a profissão de que gostava deixou de lhe dar gozo. A estagnação levaram-na a abraçar um novo desafio: as ervas aromáticas e condimentares. Acompanhe as histórias de produtores e produtos inovadores que estão a surgir e a evolução dos distinguidos no Prémio Intermarché Produção Nacional 2014, que este ano volta a ser um projeto do Expresso e da SIC Notícias.
Os dias de aromas de Laura depois de treze anos na banca

Raquel Pinto

Jornalista

Depois de 13 anos na banca, Laura Dias, de 39 anos, deu uma reviravolta na vida e hoje é de corpo e alma que cuida dos aromas da natureza. O investimento numa propriedade dos avós do marido, ao abandono há 60 anos, fê-los regressar às origens, embora Nuno, economista, ligado à área do turismo, mantenha a atividade em paralelo.

"O que eu fazia já não me dava gozo, não tinha como evoluir.  Gostava imenso do que fazia, mas fui perdendo o gosto pela banca. As coisas foram mudando, tínhamos que fazer reestruturações, dizer aos clientes muitas vezes não e isso deixava de fazer sentido", explica Laura Dias.

Na família de Laura, o avô era agricultor. Confessa que o cheiro da terra lhe permite ter a "mente livre". Sentia-se estagnada na carreira e há muito que desejava um novo desafio. Por isso, aproveitou uma altura de rescisões amigáveis e tomou a decisão. Queria abraçar a tempo inteiro o projeto de ervas aromáticas e condimentares. Começaram em 2011 e, a partir daí, desbravaram caminho num ápice. Apresentaram-se como jovens agricultores a fundos comunitários. Viabilizado o projeto, em 2013 já estavam a preparar o terreno e em dezembro faziam o primeiro teste. Em julho de 2014 produziam, faziam venda direta, e de porta a porta. Com o selo de certificação biológica entraram em lojas gourmet e biológicas. Estão espalhados no Algarve e em Lisboa em dois pontos de venda. Laura afastou-se da banca, mas não dos conhecimentos no terreno no que toca à gestão de empresas. "Agora podia aplicá-los na prática", frisa.

Em Murta, entre Estoi e São Brás de Alportel, crescem 35 espécies em dois hectares e toda a energia na propriedade é gerada por painéis solares. Inicialmente, a exportação esteve no horizonte. Rapidamente se aperceberam que queriam mais do que vender a granel. Ter uma marca própria associada a qualidade. No início deste ano, entraram em ervanárias e farmácias.

"Fomos os impulsionadores da malagueta Cayene, um forte estimulante do metabolismo e outro dos produtos estrela é a Stevia, usado como substituto do açúcar", salienta Laura. Outro dos destaques do trabalho deste casal passa pela valorização das aromáticas locais, como a Néveda, conhecida como erva das azeitonas (utilizada para temperar azeitonas ou caracóis) e o Tomilho Cabeçudo (requisitado em pratos de caça). As ervas que eram espontâneas no terreno foram recolhidas e transplantadas.

Produzem, desidratam, embalam e vendem. Fecharam acordo com dois distribuidores na região. O mercado dos secos, para chás, curiosamente perdeu espaço para os cheiros frescos. Já têm uma rede na restauração e alguns chefs deslocam-se diretamente à exploração. "Querem qualidade na hora", diz. A exportação não está posta de parte. Por enquanto, sedimentar o mercado nacional, estabelecer mais parcerias com vista à inovação de produtos regionais com as aromáticas, e evoluir para o turismo são prioridades.

Clique em baixo para se candidatar até 30 de junho à 2.ª edição do Prémio Intermarché Produção Nacional



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