Luís Trindade não é novo nisto. Há dez anos concorreu aos apoios comunitários para produção de espargos verdes. Entrou no mercado da grande distribuição, mas a produção convencional, numa propriedade em Alvito, a meio caminho entre Évora e Beja, não lhe garantiu a independência. Não tinha nem quantidade, nem preços para enfrentar o mercado ao lado de produtos importados, de Espanha e do Peru.
A exploração na posse da família há três gerações tem oito hectares, três dos quais ocupados com este fresco. A produção agrícola serviu sempre apenas para consumo pessoal. Ganhou dimensão com o investimento de Luís. Nem tudo foi fácil. Foram altos e baixos, associados a uma cultura sazonal, que dá dois meses por ano.
A agricultura surgiu depois da licenciatura em Gestão. Sem emprego, rentabilizar a exploração pareceu-lhe uma saída através da ajuda de fundos europeus. Entre os dois anos que demorou a plantação a entrar em produção, precisava de sobreviver. Encontrou saída a dar aulas numa escola profissional da zona. Esta era e continua a ser a principal fonte de receita. Luís Trindade acredita que as preocupações com a saúde passam inevitavelmente por uma mudança nos hábitos alimentares.
Resolveu rentabilizar por via da diferenciação com espargos biológicos. A mudança radical ocorreu em 2012. Desde o Algarve, passando por Lisboa ou Porto, os seus produtos são vendidos em lojas biológicas. Não quer entrar em mercados convencionais.
"Foi uma aposta ganha. Tenho o escoamento todo garantido", assegura Luís.
Apesar disso, não sabe se irá continuar com os espargos. A cultura dura entre 10 a 15 anos e a de Luís está a chegar ao fim, não sendo possível voltar a plantá-la no mesmo local. O objetivo poderá passar por reduzi-la ao mesmo tempo que se volta para outras. "A laranja biológica tem meses", revela, e em mãos já conta com projetos para outras variedades de hortícolas ou pomares ainda com pouca expressão. Mantendo-se no caminho do biológico, espera, finalmente, fazer disto a atividade principal. Aos 39 anos.
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