Nova Agricultura

Filha de agricultor sabe agricultar

Nos 10 hectares de produção cultiva hortofrutícolas, algumas frutas, como melão
Nos 10 hectares de produção cultiva hortofrutícolas, algumas frutas, como melão
Justin Sullivan

Ganhou o 'Prémio Jovem Agricultor de Portugal 2016' e espera poder inspirar outros jovens a se dedicarem à agricultura, que corre no sangue da família. "Tudo é importante, mas primeiro a alimentação", defende

Rubina Freitas

"Quem corre por gosto não cansa". Catarina Martins recorre-se da sabedoria popular para resumir o percurso que a fez chegar ao epitáfio de “Melhor Jovem Agricultor(a) de Portugal 2016”, aos 24 anos, ainda a frequentar o curso de Engenharia Agronómica da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança.

Foi a correr entre os campos da Horta da Vilariça, em Torre de Moncorvo, que a jovem se afeiçoou à vida da terra, ainda que reconheça que não é uma vida fácil. O pai é o maior horticultor local e, apesar de ter outros interesses, a escolha académica pareceu-lhe óbvia. "Tenho gosto por outras vertentes, mas como acompanhei desde pequena toda a atividade já existente na família, ganha-se o gosto, pelo que vemos os nossos fazer, por mais trabalho que dê, criamos algo que é nosso", revela.

Começou por acompanhar as atividades agrícolas da família, até que sentiu necessidade de dar o 'grito do Ipiranga', corria o ano de 2013. "Senti vontade de me instalar por conta própria, e fui analisando a possibilidade de recorrer ao programa de Primeira Instalação de Jovens Agricultores do PRODER em terrenos próximos da exploração do meu pai", resume. A ideia era criar melhores condições de trabalho, num sector onde a qualidade é crucial. "Construí um armazém de 1000 m2 com sistema de frio capaz de garantir a máxima qualidade no processo de colheita devido a uma rápida armazenagem dos produtos colhidos, e com isso retirar a pressão de venda à colheita e ainda assim dar uma resposta adequada aos requisitos dos diferentes sistemas de qualidade", resume. E foi tudo isto que foi premiado em 2016. "Com estas infraestruturas montadas, é possível, abrir várias janelas no mercado e ter mais rentabilidade", explica.

Nos 10 hectares de produção cultiva hortofrutícolas, algumas frutas, como melão, melancia, e legumes, como couve coração ou lombardo, que vende para o pai. Para além disso, está a iniciar vendas para uma empresa recente, que visa a exportação. Construiu o seu próprio emprego e contrata prestadores de serviço externos. Apesar do currículo confessa que não estava à espera do galardão, que a deixou bastante satisfeita. Catarina Martins gostava de inspirar outros a seguirem o chamamento da terra. "Pode ser que assim os jovens de hoje em dia pensem melhor na sua vida profissional e naquilo que é realmente importante", antecipa. "Outras profissões são importantes, mas a nossa alimentação é a base de tudo, sem alimentação não podemos exercer qualquer atividade", defende.

A caminho de Bruxelas onde representará Portugal, a jovem agricultora sabe bem o quer. "A exportação será sem dúvida um dos objetivos de futuro, havendo, portanto, necessidade de implementação de sistema de qualidade internacionais como são exemplo o GlobalGAP e o BRC, revestindo-se o armazém e respetivos equipamentos de uma importância vital", termina.

"Pés na terra, olhos no futuro”, despede-se.

Até 26 de julho de 2016, acompanhe de segunda a sexta um caso nacional de inovação agrícola, com o apoio do Prémio Produção Nacional, um projeto do Expresso e do Intermarché

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