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Projeto português criou um robô de limpeza que reutiliza água, recarrega bateria e identifica sujidades em pavimentos diferentes

Robô de limpeza i-RoCS
Robô de limpeza i-RoCS
D.R.

Robô desenvolvido pelo projeto i-RoCS é capaz de mapear o espaço em três dimensões e até de funcionar durante a noite, sem necessidade de supervisão humana. Desde centros comerciais até hospitais, o dispositivo foi construído para se adaptar com facilidade a vários pavimentos

Projeto português criou um robô de limpeza que reutiliza água, recarrega bateria e identifica sujidades em pavimentos diferentes

Eunice Parreira

Jornalista

Limpar diferentes tipos de espaços sem necessidade de intervenção, com a redução da pegada de carbono e a otimização da eficiência: este foi o desafio que motivou a criação do projeto i-RoCS – Research and Development of an Intelligent Robotic Cleaning System. O robô de limpeza made in Portugal adapta-se facilmente a qualquer espaço, desde hospitais a centros comerciais,

A dificuldade em contratar quem faça trabalhos de limpeza motivou um consórcio, liderado pela empresa Athena – Automação Industrial, a encontrar uma solução para este problema. A decisão foi criar um “sistema de limpeza autónoma com preocupações ambientais, com autonomia e com capacidade inteligente para verificar se o chão está bem limpo, e com capacidade de decisão também para se não estiver limpo”, explica ao Expresso Abílio Borges, diretor executivo da empresa e responsável do projeto.

Ao contrário de um robô de limpeza doméstico, o sistema desenvolvido é capaz de verificar o nível de limpeza do pavimento. “Os robôs de ambiente doméstico fazem um circuito repetitivo e vão limpar sistematicamente, [por isso] mesmo que esteja limpo, eles continuam a fazer aquilo. No nosso caso, se estiver limpo ele acelera, não vai perder tempo ali e vai continuar por outros sítios”, descreve.

Além do sistema inteligente, o dispositivo desenvolvido no projeto é capaz de encontrar sujidade independentemente do tipo e cor do pavimento ao adaptar-se ao mesmo. Como foi idealizado para atuar em diferentes tipos de espaços, inclusive fábricas onde existem “óleos sintéticos por causa da maquinação de peças, ele também está preparado para limpar nestes ambientes, retirando o excesso de óleo da água, filtrando e deixando só a água pura para ser reutilizada”.

Com preocupações ambientais, o consórcio quis garantir que o sistema seria capaz de reutilizar a água. O robô “tem um sistema equivalente a um sistema de tratamento de águas internamente”, ou seja, “a água, à medida que é recolhida, é decantada e são adicionados alguns produtos de limpeza para podermos reutilizá-la”. A água utilizada dura vários ciclos de limpeza antes de” acabar por se perder”, pois há sempre uma percentagem que fica no pavimento durante a lavagem.

A poupança de recursos otimiza a eficiência energética, que também é garantida através da longa autonomia. O protótipo trabalha durante oito horas e é capaz de ir recarregar as baterias ao fim desse tempo. “Normalmente, nos sistemas de limpeza convencionais, é preciso estar alguém junto do equipamento. Neste caso não é preciso, podemos programá-lo para limpar durante a noite”, explica Abílio Borges.

Como o robô consegue atuar em espaços como fábricas, centros comerciais ou hospitais, o consórcio assegurou ainda a segurança dos transeuntes durante a operação de limpeza. Por este motivo, o dispositivo “também tem um sistema de scanner de varrimento que vai permitir identificar pessoas nas redondezas, e se houver uma pessoa, ele contorna o obstáculo e continua”. Também para evitar obstáculos constantes e otimizar a rota de limpeza, o sistema consegue mapear em três dimensões o espaço que deve limpar.

“Neste momento ainda não estamos numa fase de grande divulgação, mas tem havido interesse de muitas empresas pelo conceito”, revela Abílio Borges, que acrescenta ainda que um dos próximos passos será otimizar ainda mais o sistema e criar uma versão mais reduzida.

A ajuda imprescindível dos fundos comunitários

O projeto i-RoCS desenvolvido pela Athena – Automação Industrial, em conjunto com a Climex – Intelligent cleaning e a Universidade de Aveiro, contou com o apoio financeiro de 514 mil euros, dos quais 328 mil euros foram do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Abílio Borges revela que “não é por causa dos financiamentos que nós vamos trabalhar, mas obviamente que nos ajudam a sermos mais céleres e mais objetivos”, além de permitir parcerias que de outra forma seria difícil formar.

O desenvolvimento de áreas como visão 3D, algoritmos de inteligência artificial e de deep learning permitiu ainda à empresa Atena alargar o seu campo de ação. “Hoje cerca de 20% a 30% da nossa atividade tem a ver com visão artificial, o que foi potenciado um bocadinho com este projeto”, afirma.

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