Não sendo produtor de matérias-primas, Portugal tem nas mãos o desafio de destacar-se na inovação. Só com o reconhecimento nesta área, o país será capaz de marcar a diferença face aos congéneres europeus, e de conseguir garantir níveis de competitividade que permitam fazer crescer a economia nacional. É certo que hoje já existem alguns clusters tecnológicos em território nacional que são referência mundial nas suas áreas de intervenção, nomeadamente, na saúde, robótica, energia, sustentabilidade ou mar, mas poderão estas áreas ser um fator de atratividade para o investimento internacional, capaz de fomentar e dinamizar a exportação de produtos, serviços ou conhecimento? Pedro Oliveira, consultor na área da energia e ex-CEO da BP, acredita que sim, pelo menos em alguns setores.
Na energia, por exemplo, área que conhece muito bem, o consultor admite que Portugal tem feito um caminho corajoso no que ao ritmo da implementação das energias renováveis diz respeito, “com o bom e menos bom que lhe está subjacente, e, essa posição de vanguarda é um eixo em que Portugal pode capitalizar”. Por outro lado, e dado o contexto atual e a crise energética que se vive na Europa, Pedro Oliveira, acredita que, pelo seu posicionamento geográfico, “Portugal pode vir a ter uma posição de arbitragem interessante no que diz respeito, não só, à produção endógena de energia de fontes renováveis, como também na logística do gás natural (liquefeito ou não) e dos gases renováveis miscíveis ou de substituição crescente do gás natural”, salienta. Este posicionamento pode ainda, na sua opinião, resultar em vantagens competitivas duradouras e sustentáveis no tempo.
Inovar num país de unicórnios
Face à dimensão do país, o número de unicórnios (empresas avaliadas em mais de mil milhões de euros) com ADN nacional é superior ao de outras economias tradicionalmente mais fortes. São sete empresas de base tecnológica que, em conjunto, valem cerca de 36 mil milhões de euros, empregam aproximadamente 11 mil pessoas, mas apenas 50% estão em solo português. Ainda assim, são uma montra de inovação que reflete muito do talento e do empreendedorismo nacional. Apesar disso, Pedro Oliveira aponta a burocracia e as dificuldades em passar da ideia ao produto ou serviço como um entrave à inovação, que ainda é preciso vencer em Portugal. “Este é um aspeto que não incentiva a inovação”.
“A burocracia que separa a pesquisa fundamental em regime de teste para o resultado da inovação passível de ser aplicada no dia a dia, não incentiva a inovação”, Pedro Oliveira, Consultor e ex-CEO da BP
Então, num mundo global, como tirar partido da inovação e da investigação desenvolvida em Portugal? Para tentar apontar caminhos e soluções, Luís Veiga Martins, Diretor Executivo de Sustentabilidade na NOVA SBE, e Marcos Ramos, CEO da Star Genomics, juntam-se a Pedro Oliveira em mais uma conferência ‘Parar para Pensar: Inovação’, inserida no ciclo promovido pelo Expresso, com o apoio da Deco Proteste, e moderada pela jornalista Marta Atalaya. Quais os principais obstáculos à competitividade e visibilidade da inovação e investigação nacional, e que resultados ou projetos de referência Made in Portugal estão a dar nas vistas lá fora serão outros temas em debate, na próxima quarta-feira, a partir das 19h30, com transmissão direta na página de Facebook do Expresso.
empresas em Portugal investem em Investigação & Desenvolvimento (I&D)
O que é?
A conferência "Parar para Pensar: Inovação" é a quarta de um ciclo de seis, promovida pelo Expresso com o apoio da Deco Proteste, e que tem como objetivo pensar sobre temas estruturantes no pós-pandemia.
Quando, onde e a que horas?
No dia 29 de junho, às 19h30, para assistir em direto na página de Facebook do Expresso.
Quem são os oradores?
- Pedro Oliveira, Consultor na área da energia e ex- CEO da BP
- Luís Veiga Martins, Diretor Executivo de Sustentabilidade, NOVA SBE
- Marcos Ramos, CEO Star Genomics
Porque é que este tema é central?
O crescimento económico é uma bandeira dos sucessivos governos, mas os dados mostram que Portugal tem problemas estruturais que colocam o país na cauda da Europa em muitos indicadores económicos. Na ausência de matérias-primas, Portugal assume preponderância na área da inovação e tem agora o desafio de crescer e de ganhar notoriedade internacional neste campo.
O país já é referência pelo trabalho realizado em alguns clusters tecnológicos, da Saúde à Energia passando pela Robótica, pelo Mar e pela Sustentabilidade, mas precisa de atrair investimentos estrangeiro, bem como talentos especializados que permitam colmatar a falta de recursos nestas áreas.
Onde posso assistir?
Simples, clicando AQUI
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