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Guerra na Ucrânia

“Vivemos no meio dos mortos. São nossos companheiros”. Entrevista a Ilya Samoïlenko, segundo comandante do batalhão Azov

Ilya Samoïlenko é o segundo comandante do batalhão Azov
Ilya Samoïlenko é o segundo comandante do batalhão Azov
D.R.

Num subterrâneo e através de uma instável chamada via Zoom. o segundo comandante do batalhão Azov deu uma entrevista ao intelectual francês Bernard-Henri Lévy. Sem esperança de sair com vida da central siderúrgica Azovstal, em Mariupol, promete resistir até ao fim

Bernard-Henri Lévy

Foi a entrevista mais perturbadora que fiz em muito tempo. O homem chama-se Ilya Samoïlenko.​ Tem 27 anos, um belo rosto muito pálido, um olho que parece morto, um colar de barba negra, estranhamente bem aparada. É o segundo comandante do último grupo de combatentes que seguram o complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol.

Está 30 metros debaixo de terra e fala do outro lado de uma ligação por Zoom, sob uma luz terna e fria. Pensa que vai morrer, com os seus mil camaradas, nos próximos dias, quiçá horas. A conversa é filmada, e eu resumo-a.

Emociona-me muito falar consigo.

E eu estou muito contente. No ano passado conheceu o nosso comandante, em Mariupol. Ele diz palavras calorosas sobre si.

Qual é hoje a situação na Azovstal?

A mesma de ontem. E a mesma de anteontem. E do dia anterior. Há talvez sete dias, talvez oito, já nem sei, que deixámos de ver o tempo passar, não distinguimos o dia da noite. Há oito dias que a pressão do inimigo cresce, ataca com os seus tanques, os seus canhões de marinha, os seus aviões, tudo.

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