É uma longa história a que entrelaça Finlândia e Rússia, mas a corda começa a partir-se. Que o diga René Nyberg, diplomata finlandês que integrou, nos anos 1970, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, representando o país em Bruxelas, mas também em Leninegrado e Moscovo. Em entrevista ao Expresso, o antigo representante da comissão finlandesa-russa para matérias da economia comum e autor de “Finland and Nordic Security” lembra que, apesar das sucessivas ameaças russas, a 'mudança de jogo' ocorreu em 2014.
Até então, rememora o embaixador, a Finlândia seguiu uma linha própria de raciocínio para a Defesa, mesmo durante a Guerra Fria. "A Finlândia, ao contrário de muitos outros países, como a Suíça e a Alemanha, nunca pensou que a paz tinha sido interrompida nos anos 1990. Nunca diminuímos a nossa Defesa, nunca suspendemos o recrutamento. Até renovámos a nossa Defesa com barcos F18, em 1992. Isto é, mantivemos a ideia de Defesa do território."
"Em 2014, com a anexação da Crimeia, e com a guerra atroz na Ucrânia, o nosso pensamento sobre a Defesa mudou", sustenta René Nyberg. Tal como o embaixador e antigo diplomata finlandês, Ilkka Liikanen, analista que estuda as relações entre a União Europeia e a Rússia, defende que a mudança de sentimento na Finlândia, em relação à adesão à NATO, não é de agora. "Tal como a Alemanha, a Finlândia defendia que o melhor passo teria sido envolver a Rússia em mais políticas europeias. Desde 2014, muita coisa mudou, e a Finlândia tem sido mais perentória em dizer que faz parte do Ocidente, e intensificou o seu estatuto de parceiro da NATO." Trocando por miúdos, a política finlandesa passou a enfatizar o Ocidente, como o espaço de influência que inclui os países que seguem as regras do direito internacional.
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