Geração E

Lisboa é a melhor capital da Europa para ver painéis publicitários

Os painéis publicitários da JCDecaux são mais ou menos como os de São Vicente de Fora: têm forte impacto visual, geram polémica e não há certezas sobre a sua autoria

Já não lhe bastavam os problemas com o imobiliário, Lisboa tem agora problemas com o mobiliário. A JCDecaux tem um plano muito claro: transformar Lisboa no corredor das televisões do MediaMarkt. Há ecrãs enormes em tudo o que é estrada. Diz-se que se fazem poucas doações de plasma, mas só a JCDecaux ofereceu uma data deles à capital. Os turistas que andam naqueles autocarros de dois andares vão sentir-se defraudados: em vez das melhores vistas da cidade, vão ter acesso às melhores vistas da publicidade. Há quem insinue que Lisboa tem pouca oferta de cultura, mas a realidade é que agora tem imensos cinemas ao ar livre. O problema é que só projetam o segmento dos anúncios.

É um excelente projecto, na medida em que garante que o automobilista lisboeta está permanentemente focado num ecrã: no pára-arranca, olha para o telemóvel; no cruzamento, olha para o painel publicitário. Sugiro que se vá mais longe e que se instalem tablets nos vidros traseiros de todos os carros, para que não se corra o risco de os condutores prestarem atenção, inadvertidamente, à estrada. Os peões são secundários, a segurança rodoviária deve obviamente ter em conta a visibilidade dos anúncios. Tal como estipula o Código da Estrada, a prioridade nas passadeiras é sempre das marcas.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, defendeu-se, alegando estar refém do concurso internacional de 2017 que adjudicou esta exploração do espaço público. Contudo, o Expresso noticiou esta semana que o atual executivo aprovou as localizações que têm vindo a ser criticadas. Ou seja, estes painéis são mais ou menos como os de São Vicente de Fora: têm forte impacto visual, geram polémica e não há certezas sobre a sua autoria.

Recordemos que as JCDecaux também instalou as novas paragens de autocarro, que foram nitidamente projectadas por pessoas já não andam autocarro desde a sua viagem de finalistas a Benidorm. As paragens estão apetrechadas de entradas USB, mas não têm iluminação. É a melhor opção para lidar com a criminalidade. O utente corre efectivamente o perigo de ser assaltado à noite, mas, pelo menos, entrega ao bandido o telemóvel com alguma bateria.

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