Trata-se de uma realidade distópica com o objetivo de “levar as pessoas a pensar”. O filme “Pátria”, que chega aos cinemas esta quinta-feira, pretende mostrar que “a liberdade não é um dado adquirido”. Ao Expresso, o realizador e argumentista Bruno Gascon explicou que o filme pretende retratar “um país dominado pela opressão de uma ditadura”.
Através de uma ficção “sombria”, o filme aborda a xenofobia e as restrições à liberdade de expressão. “Estamos neste momento a caminhar para o lado do extremismo. É importante falar sobre estes temas. Neste filme quero alertar as pessoas para que elas percebam o que aconteceria se vivêssemos numa ditadura”.
Bruno Gascon alerta que, “normalmente, quando se fala em distopias, fala-se de um género mais sci-fi, mas aqui este não é o objetivo”, diz. “Quero entrar por um lado realista e mostrar esse realismo numa distopia. Precisamos de falar sobre a perda de liberdade e de direitos”.
Para a construção desta distopia, Gascon diz que se inspirou “na História”. Bruno Gascon pretende que o filme “funcione como uma espécie de alerta”, porque a história pode vir a repetir-se. “É preciso parar e pensar naquilo que estamos a fazer e para onde vamos. O 25 de Abril vai fazer agora 50 anos e é importante que as pessoas não se esqueçam da história”.
“Há cada vez posições mais extremadas: ou estão comigo ou estão contra mim”, destaca, acrescentando que “é importante que as pessoas entendam que há zonas cinzentas, para perceberem que é muito importante que exista diálogo”.
O filme, que se passa num país dominado por uma ditadura, acompanha a jornada de um homem que “é confrontado com o crescimento de um grupo extremista que domina as ruas”. No fim, de acordo com a sinopse do filme, só terá uma escolha: “liberdade ou morte”.
O realizador do filme explica que quer transmitir a mensagem que “um dia pode ser tarde”. “Podemos chegar a um ponto sem retorno. A um ponto em que, efetivamente, os nossos direitos e a nossa liberdade serão totalmente retirados”.
Nesta longa-metragem, que é descrita como uma análise da condição humana e da luta pela liberdade, participam Tomás Alves, Rafael Morais, Michalina Olszanska, Matamba Joaquim, João Vicente, Iris Cayatte, Raimundo Cosme. O filme, produzido pela Caracol Studios, vai ser distribuído pela NOS Audiovisuais.
Bruno Gascon é, também, autor das longas-metragens “Carga” (2018) e “Sombra” (2021). “Pátria” teve o desafio de ser rodado “em plena pandemia, durante o segundo confinamento”. Esta produção contou com o apoio da RTP, do Pic Portugal e do município de Barcelos, onde foi integralmente rodada.
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