Geração E

Personagens femininas nos videojogos falam menos, têm diálogos menos relevantes e são mais simpáticas

Personagens femininas nos videojogos falam menos, têm diálogos menos relevantes e são mais simpáticas
Marko Geber

As personagens femininas tendem a falar menos do que as personagens masculinas e a falar menos umas com as outras. Este viés de género já havia sido provado “no cinema, na televisão e nos livros”, mas agora foi verificado, também, nos videojogos através de um estudo publicado na "Royal Society Open Science"

Cátia Barros

Jornalista infográfica

Além das personagens femininas aparecerem menos representadas nos jogos de vídeo, quando aparecem falam menos e têm diálogos menos relevantes. A conclusão é de um estudo publicado esta semana na revista “Royal Society Open Science”. Segundo o “El País”, os autores do artigo afirmam que esta é a primeira vez que se mede a representação do género em conversas ficcionais de grande escala. O estudo analisou 50 jogos e mais de 13.000 personagens.

Apenas três jogos têm mais de 50% de diálogos femininos


De uma análise a 5.679.321 palavras, apenas 35,16% foram ditas por personagens femininas. Contudo, de acordo com o estudo, “as personagens femininas não recebem sistematicamente menos palavras de diálogo por personagem do que as personagens masculinas”, o que acontece é que há significativamente menos personagens femininas (29,37%) do que masculinas (70,63%).

Personagens femininas falam menos



Além disso, o estudo conclui que há uma tendência para que as personagens masculinas falem com outras personagens do mesmo género. No entanto, o mesmo não acontece quando se trata de personagens femininas: estas falam também com personagens masculinas. Ainda assim, a nível histórico há uma evolução. Tendo em conta uma análise feita aos últimos 50 anos, o número de diálogos femininos aumentou seis pontos em cada década.

Cerca de 70% das personagens são masculinas


O estudo procurou, também, mapear o que era dito pelas personagens. Com esta análise qualitativa, as personagens femininas demonstram, quando comparadas com as personagens masculinas, mais gratidão (mais 32%), pedem mais vezes desculpa (mais 29%), são mais cautelosas (mais 18%) e usam menos calão (menos 37%).

Quanto aos NPC (Non-Playable-Character), isto é, personagens colocados nos jogos para criar ambiente e que não conseguimos controlar, foi encontrada uma diferença na linguagem que usam para motivar o jogador a agir. No jogo “The Elder Scrolls: Daggerfall”, por exemplo, “as mulheres que atribuem missões centram-se em motivações relacionadas com a família e as relações e utilizam estratégias linguísticas estereotipadamente femininas para negociar”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cbarros@expresso.impresa.pt

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