Um papel no bolso
Histórias breves sobre acontecimentos irrelevantes, condições atmosféricas e pessoas interrompidas: ficções de Bruno Vieira Amaral, para ler todas as quintas-feiras no Expresso Diário
Escritor
Histórias breves sobre acontecimentos irrelevantes, condições atmosféricas e pessoas interrompidas: ficções de Bruno Vieira Amaral, para ler todas as quintas-feiras no Expresso Diário
Quando, naquela manhã de sábado, os três irmãos saíram de casa com o pai, só o mais novo, Eduardo, é que sabia lugar aonde iam e o que teria de fazer assim que chegassem ao destino. Dobrou um papel em quatro onde escrevera algumas notas, coisas que não se podia esquecer de dizer à mãe, e guardou-o no bolso das calças. Pediu ao pai o pente. Viu-se ao espelho. Os mesmos olhos de velho que tinha desde sempre. Porém, o risco ao lado e o fato de cerimónia davam-lhe um ar infantil que não era o dele, como se o esforço para parecer mais adulto se sabotasse a si mesmo e expusesse a criança que ele era. O pai borrifou-o com água de colónia. No quarto ao lado, dona Dolores, a vizinha do lado, ajudava Maria, a irmã do meio, a pentear o cabelo, esticando-o para lhe fazer uns totós com elásticos pretos e laçarotes brancos.
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