A Regeneron, empresa de biotecnologia que produz o tratamento contra a covid-19 à base de anticorpos monoclonais que foi administrado ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em outubro, recebeu uma autorização de emergência da Food and Drug Administration (FDA), o regulador norte-americano do medicamento, para que possa ser utilizado na população.
O cocktail combina dois poderosos anticorpos e mostrou resultados eficazes em pacientes, se administrado na fase inicial da doença.
A FDA tinha já concedido no início de novembro uma licença de emergência à farmacêutica Eli Lilly que produziu um tratamento similar. Contudo, a autorização agora concedida à Regeneron pela entidade reguladora limita o uso deste fármaco a pessoas com mais de 12 anos que tenham apresentado resultados positivos no teste à covid-19 e que estejam em risco de desenvolver uma forma grave da doença. À semelhança do que já acontecia com o tratamento da Eli Lilly, o desenvolvido pela Regeneron também não pode ser administrado em doentes que estejam hospitalizados ou que necessitem de suporte de oxigénio.
No entanto, avança o jornal New York Times, esta autorização de emergência está já a levantar questões sobre quem terá acesso ao tratamento. Nos Estados Unidos são diagnosticados, em média, 168 mil casos diários de covid-19 e os hospitais estão no limite da sua capacidade em várias regiões do país. "A Regeneron já avançou que só terá capacidade para disponibilizar 80 mil doses do medicamento até ao final de novembro, 200 mil na primeira semana de janeiro e 300 mil até ao final desse mês", explica o jornal, acrescentando que "a partir dai a empresa conseguirá aumentar a produção do medicamento graças a uma parceria estabelecida com a farmacêutica suíça Roche".
A Regeneron recebeu mais de 500 milhões de dólares (cerca de 421,5 milhões de euros) do Governo federal americando para desenvolver e produzir este tratamento que é complexo e demorado. Apesar das primeiras 300 mil doses serem fornecidas de forma gratuita, os pacientes terão gastos para receber o tratamento, já que ele tem de ser administrado numa clínica ou hospital.
Os tratamentos com anticorpos tiveram menos atenção do que as vacinas na estratégia de combate à pandemia. Mas os especialistas reforçam que podem ser uma arma eficaz enquanto uma vacina não está disponível. Um cenário que poderá estar próximo. Nas últimas semanas a Pfizer e a Moderna anunciaram uma eficácia superior a 90% nos testes realizados às duas vacinas que estão a desenvolver.
A Pfizer deu como concluída a fase de testes e submeteu na sexta-feira um pedido de autorização de emergência para a sua vacina. Também a Moderna planeia fazê-lo em breve.
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