As Europe Talks já organizaram mais de 40 mil diálogos em quatro anos
Falar frente a frente, mesmo que através de um ecrã, cria empatia entre dois interlocutores, que uma conversa ao telefone ou de costas viradas não consegue. Quem o diz é a ciência. Um grupo de investigadores norte-americanos decidiu vigiar a atividade cerebral de várias pessoas durante conversas cara a cara ou de costas para um estudo recentemente publicado no “Journal of Neuroscience”. Nas interações frente a frente foi quase sempre registada em ambos os intervenientes atividade semelhante no córtex frontal inferior esquerdo, ou seja, a parte do cérebro que reage à linguagem. É nesta parte do cérebro que estão alojados os chamados “neurónios-espelhos”, que disparam durante a execução de uma ação específica ao observarmos outra pessoa a fazer o mesmo. É por isso que durante as interações nas quais nos podemos observar mutuamente muitas vezes acabamos a imitar as expressões, sotaque ou postura do nosso interlocutor.
Foi com a intenção de explorar até que ponto uma conversa ajuda a esbater diferenças políticas que, em 2017, o jornal alemão “Die Zeit” propôs aos alemães que falassem com pessoas com ideias opostas às suas. A iniciativa estendeu-se a toda a Europa em 2018 e em três anos mais de 100 mil pessoas se inscreveram para falar com estranhos. Daí resultaram mais de 40 mil conversas entre pessoas que muito provavelmente não se iam entender no Twitter ou no Facebook. Das Germany Talks (algo como “A Alemanha em conversa”) chegamos às Europe Talks, este ano estreadas em Portugal pela mão do Expresso.
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