Exclusivo

48 anos Expresso

Expresso. A revolução mora no 2º Dto

Expresso. A revolução mora no 2º Dto

O título “Expresso” foi chumbado por uma audiência de mercado. Mas Balsemão decidiu arriscar. Na história da criação do jornal tudo, aliás, foi um risco, porque o objetivo era mesmo agitar as águas mansas em que o país vivia

aquele tempo, era tudo “muito trabalhoso”, diz ‘mestre’ Ribeiro. Sem as modernices tecnológicas de hoje, traçava-se a tira-linhas, tinta da china e compasso, cada ‘selo’ ou cabeça de página que formava a imagem do jornal. Tudo com mão firme e precisão de relojoeiro, para que nenhum borrão de tinta caísse no papel e fizesse voltar tudo à estaca zero. Nas vésperas do lançamento do Expresso, era, seguramente, à volta de um destes ‘selos’ gráficos que o ‘mestre’ Ribeiro andava. Ou mesmo do logótipo, criado com um tipo de letra ‘demasiado fino’ que, segundo o chefe dos gráficos, “não aguentava” as reduções em página. Mas, depois de tantos fechos, não se lembra já muito bem do que foram as últimas 48 horas antes do lançamento do Expresso. Nem ele, nem nenhum dos pais fundadores do jornal que ainda cá estão para fazer a história. No 2º andar direito, do número 37 da Rua Duque de Palmela, em Lisboa, começou uma revolução. Mas, na verdade, os seus protagonistas estavam mais ocupados em escrevê-la.

O tempo apagou em todos a memória precisa do que foram as vésperas do primeiro número. Talvez porque, aos poucos, as lembranças se foram misturando com as histórias de todos os números seguintes. Ou apenas porque o Expresso já estava a ser ‘cozinhado’ em lume brando, muito antes de chegar às bancas no dia 6 de janeiro de 1973. Que foi um número “muito preparado”, ninguém tem dúvidas. “Já no ano anterior tinha pensado lançar o jornal”, acrescenta Francisco Pinto Balsemão, o autor da ideia, acionista maioritário, diretor, mas também redator de muitas das notícias e reportagens publicadas no primeiro número. “Ainda sondei algumas pessoas, mas percebi que não seria autorizado, nem o jornal, nem o diretor, que era eu”. O regime não permitia a livre constituição de empresas jornalísticas e submetia a aprovação prévia a escolha do diretor de qualquer publicação. Balsemão, então deputado da Assembleia Nacional pela Ala Liberal, já estava longe das boas graças do poder político e a hipótese de ser ‘chumbado’ para liderar o projeto em que apostava todas as cartas era, não só a mais plausível, como um mau princípio para arrancar com um jornal que se queria “uma pedrada no charco”, diz Mota Amaral.

Relacionados

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate