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2515, o barco e o buraco

2515, o barco e o buraco

Passar uma semana a fazer um jornal — desenhar, escrever, encaixar, corrigir, publicar — é uma atividade de alto risco. As pessoas envolvidas estão cientes disso e são treinadas para o efeito. Estes são os bastidores de uma redação à beira de um ataque de nervos. Por favor, não experimente isto em casa (ou faça-o por sua conta e risco)

2515, o barco e o buraco

Tiago Soares

Jornalista

“Há um buraco no teu barco. Esse buraco nunca vai ser arranjado, nunca vai desaparecer, e não podes arranjar um barco novo. O que tens de fazer é tirar a água mais rápido do que ela está a entrar.” Num dos derradeiros momentos da série “The Newsroom”, Aaron Sorkin pôs a personagem principal — um jornalista exausto, resignado, disposto a ir ao futuro — a definir assim a profissão. Tudo na cena é certeiro: o cansaço e a clareza da personagem, mas também a sua garantia de que nessa noite iria dar as notícias, e que na seguinte repetiria tudo outra vez. A reação sofrida mas aliviada da sua interlocutora, chefe daquela redação, mostra esse mesmo compromisso, tanto para aquela noite como para as seguintes. Esta é a crónica de uma semana de compromisso no Expresso — e uma prova de como o jornal está há 2515 semanas a tirar do barco mais água do que aquela que está a entrar.

J.A. e J.A. começaram a semana de trabalho em situações completamente opostas: a primeira tem 25 anos, está no Porto, é das jornalistas mais novas do jornal, prepara-se para participar na sua primeira reunião de editores; o segundo tem 61 anos, está em Lisboa, é dos jornalistas mais velhos do jornal, já participou em centenas dessas reuniões. Nesta diferença de 36 anos, J.A. e J.A. representam em simultâneo o passado, presente e futuro do jornal — e todas as semanas estes três tempos unem-se numa “análise crítica” daquilo que ficou para trás.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: tsoares@expresso.impresa.pt / tiago.g.soares24@gmail.com

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