Sumário: aprender com perguntas

Acho que as crianças já passam muito tempo na escola e a verdade é que nem todas as famílias conseguem dar o mesmo tempo e qualidade de apoio. Contudo, se for mesmo necessário e houver disponibilidade, pode ser um recurso útil.

Tecnologia na escola, sem dúvida que sim. Telemóveis em particular, nos moldes em que estão a ser utilizados pelas crianças, deve ser pensado e discutido. Os telemóveis não podem substituir as relações pessoais, nem na escola, nem em casa.

Sempre quis ser muitas coisas. Até meio do secundário, queria seguir o curso de Direito, mas a Educação falou mais alto. Poder intervir no crescimento e na educação das crianças, dando-lhes boas bases, tem um poder maior.

Há muitos professores bons, que trabalham de maneiras muito diferentes. Um bom professor tem de gostar do que faz, tem de gostar de aprender, de evoluir. Tem de compreender o impacto que tem na vida de muitas centenas de crianças.

É preciso pensar no propósito de cada instrumento de avaliação. Basear a avaliação apenas em testes parece-me bastante redutor. Há, por exemplo, quem valorize os portfolios, por irem reunindo informação, ao longo do tempo, dando uma perspetiva da evolução de cada criança/jovem.

Acho que, em Educação, não há truques, há conhecimento, baseado em estudos científicos, e há uma relação pedagógica de respeito e confiança, que se constrói, diariamente. Quando valorizamos o melhor que cada uma das crianças tem e aproveitamos isso para as motivar para o trabalho em sala de aula, normalmente, dá bons resultados.

Ser professor é muito complexo. Estamos em constante interação com crianças, encarregados de educação, colegas, coordenação, direção… Além disso, se queremos fazer um trabalho que respeite as crianças na sua individualidade, precisamos de tempo para conhecer, para preparar trabalho, para ver os efeitos desse trabalho. Não é linear.

Quando andava na escola, era boa aluna?

Acho que sempre fui boa aluna, embora, tivesse tido momentos menos bons. Mas, para ser um bom aluno ou uma boa aluna, é fundamental encontrarmos um sentido naquilo que a escola nos quer ensinar, é preciso criar condições para os alunos se sentirem acolhidos na escola.

Gostava de todas. Sempre fui muito curiosa em relação a tudo, mas as minhas disciplinas preferidas iram mudando. Normalmente, eram aquelas cujos professores me conseguiam cativar.

“Porque é que se chama planeta Terra se a maior parte é água?” (M., 2.º ano)

O desfasamento temporal entre a vida real e a escola. As crianças têm muito para nos ensinar. Se houver disponibilidade para acolher as suas ideias, aprender pode ser mais estimulante.

Quando é preciso saber mais para ajudar a ultrapassar alguma dificuldade, quando trazem novas questões que são acolhidas e trabalhadas, na sala, quando são exemplo de bondade, amizade, respeito e empatia.

Qual é a disciplina que gostava que existisse?

Sinto que falta promover as relações pessoais entre crianças e entre estas e os professores. Trabalhar a cooperação, em vez da competição, o sentido crítico, em vez da memorização, valorizar a evolução/progressão, em detrimento da nota mais alta da turma.

Estar em vários sítios ao mesmo tempo!