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Nuno Markl entra na aldeia dos Smurfs: mais uma missão "épica"!

Nuno Markl entra na aldeia dos Smurfs: mais uma missão "épica"!

A mágica aldeia azul, povoada por mini e talentosos heróis, já chegou às salas de cinema de todo o país. Nuno Markl é uma das vozes familiares que vamos ouvir em “Smurfs: O Grande Filme”

Nuno Markl entra na aldeia dos Smurfs: mais uma missão "épica"!

Joana Leitão

Diretora editorial Expressinho

Como recebeu o convite para dar voz ao Ron?

Adorei, porque, no original, é o Kurt Russell que lhe dá voz e eu nunca na minha vida imaginaria que iria fazer a voz de uma personagem desse grande herói dos anos 80. Eu e o Eduardo Madeira – o Ken - somos irmãos do grande Smurf.

Descreva-nos a sua personagem!

É uma pequena participação, na verdade, mas é muito épica e incrivelmente corajosa. O Ron tem um cabelo lindíssimo. No fundo, é aquilo que eu gostava de ser se fosse azul e do tamanho de uma mão.

Os Smurfs têm acompanhado várias gerações...

Este é um filme para toda a família, com heróis absolutamente intemporais e universais. Na base de tudo está a banda desenhada, que é incrível e eu aconselho a toda a gente.

Além da banda desenhada, a dobragem é outra duas suas paixões?

Sim, dá-me sempre gozo. Há qualquer coisa de radiofónico neste trabalho, ou seja, estamos sozinhos no estúdio, temos o microfone à frente e estamos, de certa maneira, a fazer humor, que é o que faço todos os dias na Rádio Comercial.

Quais são os seus limites para o humor? Tem?

Quando uma pessoa entra na comédia, o primeiro limite que deve impor a si própria, e não é bem um limite, é “será que isto que eu vou dizer tem piada ou não?”. Mas acho que, à partida, não se deve ir com ideias pré-feitas. Devemos ter a mente aberta para falar sobre tudo. O humor pode ser muito libertador. Quando falamos de assuntos mais tristes ou trágicos, estamos, na verdade, a tentar tirar-lhes peso e a ridicularizar as tragédias da vida. Há um lado terapêutico em fazer piadas com assuntos que podem parecer mais proibidos

Ainda sobre a dobragem. O que acha mais difícil no processo?

Acho que às vezes é mesmo encontrar o timing e a maneira certa de dizer as sílabas, de modo a que acabem nos movimentos da boca dos personagens. Na América, originalmente, os atores têm a liberdade toda para gravar o que quiserem, porque gravam antes da animação estar feita. A animação é feita depois, com base naquilo que eles disseram.

Em Portugal, é muito diferente?

Nós aqui já temos de respeitar estes movimentos de boca dos personagens e temos de encaixar a nossa fala de uma maneira muito precisa. Nunca sei se estou a fazer a coisa bem, mas felizmente temos ótimos diretores de dobragem em Portugal. Neste caso, foi a Cláudia Cadinho, alguém de quem gosto muito. Um conselho que sempre me foi dado pelos diretores de dobragem é não ficar estático dentro do estúdio e tentar mexer-me, acompanhando o movimento. Hã aqui algo de muito físico e a a voz também transmite esse dinamismo.

Houve algum momento mais divertido que queira partilhar?

Eu divirto-me sempre muito. Lembro-me, quando fiz o filme do Tintim, eu e o Rui Unas éramos o Dupond e Dupont. A dada altura, havia uma cena que obrigava a uma queda de uma escada e eu mandei-me mesmo para o chão do estúdio...

E correu bem?!

Sim, correu bem! (como se pode ver no vídeo abaixo ao minuto 4:09)

Que conselhos dá aos nossos leitores que queiram entrar pelos caminhos da dobragem?

Hoje em dia, é muito fácil mostrar aquilo de se é capaz, porque há muitas ferramentas para isso e há muitas plataformas, como o YouTube e o TikTok. Se sentem pendor para isso, não há nada melhor do que gravarem-se a fazer coisas, publicarem e mandarem eventualmente para os estúdios de dobragem: os endereços dos estúdios estão na internet. Se acharem que são capazes de encarnar personagens, e dividir as cordas vocais numa data de figuras diferentes, acho que é de tentar! Porque é um trabalho muito divertido e muito compensador de ver num grande ecrã.

Por falar em diversidade, onde vai buscar a inspiração para criar histórias divertidas todos os dias?

Felizmente, ao mundo. “O Homem que mordeu o cão” tem essa característica engraçada que é uma resposta noticiosa. Quando aquelas coisas aconteceram, são notícias e histórias contadas pelas pessoas que as viveram e, portanto, é só estar atento àquilo que nos é dado. Entre o Reddit, os serviços de notícias, as secções de notícias estranhas das agências noticiosas, todos os dias acontecem coisas bizarras.

Sempre sentiu isso?

Quando comecei a fazer “O Homem que Mordeu o Cão”, em 1997, tinha a sensação de que o mundo era normal e de que a bizarria era um nicho. Agora, acho que o mundo todo é bizarro. Talvez tenha de começar a contar histórias normais, porque está tudo completamente louco. O mundo é uma grande inspiração!

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: expressinho@estrelaseouricos.pt

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