
Tinha a audácia rara dos tímidos que não escondem emoções. Com os olhos (por vezes) marejados de lágrimas, o jovem Jorge Sampaio enfrentou a ditadura e conquistou a confiança da sua geração. As lágrimas ajudaram muitos a acreditar "na sua generosidade", conta Maria Emília Brederode dos Santos que respirou intensamente o ambiente de "subterrâneos da liberdade" que se vivia na Associação Académica de Direito. A autenticidade e o talento para construir pontes marcariam a vida e os 'voos' que guiaram Sampaio do Tribunal Plenário às Eleições de 1969, do MES ao PS, da Câmara de Lisboa à Presidência da República, e do trabalho nas Nações Unidas como enviado do secretário-geral para a Luta contra a Tuberculose à presidência da Aliança das Civilizações. Esta é a história de um homem discreto que tinha um enorme sentido de humor. De um homem a quem a saúde faltou algumas vezes mas que mesmo assim quis estar presente na luta pelo direito à educação dos estudantes (refugiados) sírios e afegãos