A Coverflex, que criou uma solução de compensação flexível que permite às empresas reduzirem custos e maximizarem o potencial de rendimento dos seus trabalhadores, fechou uma ronda de investimento pre-seed (pré-semente) no valor de 5 milhões de euros, avança ao Expresso Miguel Santo Amaro.
De acordo com o cofundador e presidente executivo da startup portuguesa, esta é “a maior pre-seed de sempre em Portugal”, garante, baseando-se em dados da plataforma Crunchbase. Ou seja, esta é a maior ronda deste tipo de investimento que corresponde ao primeiro estágio de desenvolvimento de uma startup.
A ronda foi liderada pelo investidor de capital de risco Breega, cujo fundador e sócio-gerente, Ben Marrel, passa a ter um lugar na direção da Coverflex. E foi acompanhada pelo Fundo 200M – fundo de capital público de risco gerido pelo Banco Português de Fomento, que pretende atrair investidores privados nacionais e internacionais para as startups portuguesas – e por outros investidores locais.
Miguel Santo Amaro não revela com que percentagem do capital da Coverflex ficaram os investidores, declarando apenas que os fundadores continuam com a maioria.
O investimento ajudará a empresa a crescer no mercado nacional e a preparar a expansão internacional. A empresa – que já tem mais de 150 clientes e é utilizada por mais de três mil colaboradores, entre eles a PwC, a Bolt, a Landing.Jobs, a Startup Lisboa e a Unbabel – quer garantir que a sua solução “é líder de mercado em Portugal”.
“Em 2021, queremos focar-nos nos nossos primeiros clientes – o lançamento do produto no mercado foi em janeiro e, desde aí, já contamos com mais de 150 clientes – e garantir um excelente produto e uma muito boa experiência de utilização”, explica Miguel Santo Amaro, que também fundou a Uniplaces. Já a nível internacional, a Coverflex prevê a entrada no mercado espanhol ainda este ano.
Além disso, a Coverflex quer “continuar a trabalhar no product market fit”, garantindo assim que a sua solução é escalável e utilizada tanto por grandes empresas como por pequenas e médias (PMEs). E prevê duplicar a sua equipa de 30 pessoas até ao final do ano, com especial foco nas áreas de produto, engenharia e design.
“Em termos de categorias, queremos continuar a adicionar verticais na área da compensação (seguros, alimentação) e permitir a utilização da solução por vertical, e não apenas integrada”, adianta o presidente executivo da empresa. “Uma das oportunidades futuras de crescimento é a inclusão de funcionalidade de payroll na solução, em casos como salário, por exemplo.”
Compensação como um serviço
Fundada em 2019 por Miguel Santo Amaro, Luís Rocha (ex-TUI Musement), Nuno Pinto (ex-Kide) e Rui Carvalho (ex-Unbabel), apenas com capitais próprios, a Coverflex surge das experiências dos quatro nas empresas anteriores, seguindo uma lógica de ‘compensação como um serviço’.
“Acho que todos nós já passámos por isto: de cada vez que queremos acrescentar um novo benefício à oferta atual, como empregadores, é preciso falarmos com vários fornecedores, negociar, escolher um e, finalmente, gerir todo o processo a partir daí”, refere Miguel Santo Amaro. “O problema é: se eu tiver quatro colaboradores a quererem benefícios diferentes, vou dar-me a esse trabalho? E mais: vou ter capacidade para dar resposta a todas essas preferências?”
De acordo com o presidente executivo da Coverflex, “a forma como se trabalha está a mudar, mas a compensação – salário, bónus, equidade e benefícios – não evolui há décadas”. “Acreditamos que a atual abordagem de ‘one-size-fits-all’ na gestão de benefícios é rígida e ultrapassada, porque não consegue satisfazer as necessidades do mercado de trabalho moderno”, diz, referindo a existência de múltiplos prestadores de compensação, falta de transparência, informação fiável e flexibilidade.
É tendo este ponto de partida que foi fundada a Coverflex, que agrega múltiplos fornecedores e ajuda assim as empresas a cortar custos com benefícios fiscalmente mais eficientes, numa aplicação que agrega a gestão da compensação para além do salário (seguro de saúde, subsídio de refeição, benefícios sociais e descontos) num só sítio. Mas também para responder às necessidades dos trabalhadores, permitindo-lhes personalizar o pacote de compensação e escolher onde e como querem gastar o seu orçamento naquilo que lhes convém, usando um cartão pessoal Visa e a aplicação.
O modelo de negócio passa pelo pagamento de uma mensalidade de cinco euros por trabalhador, existindo igualmente a possibilidade de subscrever a solução numa lógica de utilizações únicas, com um valor variável cobrado por cada utilização.
“A Coverflex vai ser um ‘game changer’”, salienta em comunicado o cofundador do Breega e agora membro da direção da startup portuguesa Ben Marrel. “Não queríamos perder a oportunidade de apoiar um produto tão revolucionário, especialmente num campo problemático que se tornou tão importante após um ano como o de 2020.”