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Boris Johnson de regresso ao leme. “É um desafio que já não pode resolver com uma frase engraçada. Vai ter de governar a sério”

Boris Johnson de regresso ao leme. “É um desafio que já não pode resolver com uma frase engraçada. Vai ter de governar a sério”
NEIL HALL/EPA

Os desafios do primeiro-ministro britânico, que regressou esta segunda-feira ao trabalho depois de mais de um mês, são “os mais sérios de sempre, a menos que entremos em guerra”, diz ao Expresso Tim Bale, professor de Política. O seu estilo “pouco sério de governação”, expressão da professora de Ciência Política Eunice Goes, vai ter de dar lugar ao líder sério que tem na mão milhares de vidas

Boris Johnson de regresso ao leme. “É um desafio que já não pode resolver com uma frase engraçada. Vai ter de governar a sério”

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Boris Johnson esteve em isolamento, e depois internado, devido a complicações de saúde que lhe causou a infeção com covid-19. Os seus sintomas, de início ligeiros, depressa avançaram até ao ponto em que o primeiro-ministro do Reino Unido teve de receber oxigénio numa unidade de cuidados intensivos, embora sem necessitar de ventilador.

Johnson faz parte da enorme lista de pessoas que, durante duas ou três semanas, doentes, pouco contacto tiveram com o mundo exterior. Só que quando um doente anónimo regressa a casa, as prioridades passam por apanhar um pouco de ar e abastecer-se de uma ou duas refeições prediletas, para esquecer a comida do hospital. No seu caso, o menu inclui a obrigatória gestão de um país que continua a contar centenas de mortes por dia e tem a sua ágil economia paralisada.

Os ministros que todos os dias falam aos britânicos sobre a evolução da pandemia foram expostos a repetidas perguntas difíceis, sem conseguirem dar respostas satisfatórias: porque não há equipamento de proteção para os médicos? Porque surgem todos os dias notícias sobre a falta de testes em lares de idosos e para pessoas na linha da frente? Quantas pessoas estão a morrer em casa, clínicas, casas de apoio comunitário? Será Johnson, e não os seus subalternos, a ter de dar respostas definitivas.

Acabou-se o estado de graça

“É um enorme desafio para Boris Johnson. A fase de bonança económica, o estado de graça resultante da grande vitória eleitoral, tudo isso acabou. É um problema que não se resolve com uma frase engraçada, com aquele estilo pouco sério de governação. Agora há pessoas a morrer por razões que a opinião pública associa diretamente à ação, ou falta dela, por parte do Governo. Boris tem mesmo vidas humanas nas mãos”, diz ao Expresso Eunice Goes, professora de Ciência Política na Universidade de Richmond.

O apoio ao Executivo mantém-se “principalmente na imprensa conservadora e porque a maioria das pessoas ainda está do lado do Governo no que diz respeito à necessidade de confinamento”. No entanto, “as pessoas também sabem olhar para outros países e para o que foi feito, quão atempadamente e de quem é a culpa”, comenta a docente.

Johnson vai “seguir, não liderar”

Johnson, analisa Goes, “vai ser muito mais sensível à opinião pública do que aos sectores tradicionais de apoio ao Partido Conservador. Só vai relaxar o confinamento quando vir que há uma grande maioria de pessoas completamente descansada com essa opção. Vai seguir, não vai liderar”.

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