Basta! “Não, o André Ventura não vai desistir”

O cabeça de lista da Coligação Basta, e presidente do Partido Chega, só discursou depois de conhecidos os resultados oficiais. André Ventura aponta agora baterias às legislativas
O cabeça de lista da Coligação Basta, e presidente do Partido Chega, só discursou depois de conhecidos os resultados oficiais. André Ventura aponta agora baterias às legislativas
Jornalista
Primeiro, vieram as sondagens. Mas elas “não valiam”, porque o que conta, como todos os políticos dizem, é o dia das eleições. Depois, vieram as projeções à boca das urnas. E essas também não contavam porque o Basta concorria “noutro campeonato”, a disputar votos entre “os mais pequeninos”, explicava o porta-voz do Basta para a comunicação social. E, por fim, vieram os resultados. Derrota para o Basta, não só não conseguiu eleger, como ficou muito atrás do último partido que elegeu um eurodeputado.
“Assumo a derrota. Mas este foi apenas o primeiro passo. Este incrível grupo de pessoas que se juntou a nós por todo o país, e algumas fora dele, não merecem ver em nós um grupo de desistentes. Não, o André Ventura não vai desistir. Vamos continuar esta luta até outubro, altura em que vamos ter a mudança que tanto desejamos”, disse André Ventura esta noite.
O candidato falava de si próprio na terceira pessoa para os apoiantes que, apesar das previsões de maus resultados, se mantiveram fiéis até ao fim para ouvir falar o líder.
Depois de lamentar a abstenção e agradecer aos portugueses que foram às urnas (como fazem todos os políticos) André Ventura, o candidato que critica os políticos e quer reduzir o número de deputados, considerou que os resultados da noite são um sinal da “distância entre os portugueses e a política”.
E, novamente como os políticos, André Ventura conseguiu encontrar vantagens no meio da derrota. Os 45 mil votos conquistados (1,5%) - que colocam o Basta como a terceira força política no campeonato das que não conseguir eleger, atrás do Aliança e do Livre - representam um fator positivo. “Esta coligação tem um mês e meio. Este resultado é bastante aceitável e dá-nos força”, frisou Ventura.
A Coligação Basta, composta pelo Partido Chega, o Partido Popular Monárquico, o Partido Cidadania e Democracia Cristã e a Democracia 21, gerou muita expectativa, tanto antes da campanha eleitoral, como até ao dia da votação. Porém, não conseguiu converter em votos a popularidade conquistada por André Ventura como comentador afeto ao Benfica na CMTV.
Com os resultados do Vox em Espanha e o ressurgimento da extrema-direita, pairou no ar a hipótese de o discurso do Basta - de que “chega de roubalheira e corrupção”; que “os ciganos têm de pagar impostos” e que os polícias precisam de mais meios - poderia representar a entrada do populismo em Portugal.
Não foi, e cedo se percebeu pelas sondagens que a Coligação Basta não teria hipóteses de eleger o cabeça de lista. Mas os apoiantes tiveram dificuldade em entender isso. Durante a campanha, apesar de admitirem que se tratava de um ensaio para as legislativas de outubro, acreditavam que a noite eleitoral poderia ter surpresas. E esta noite, no local alugado pelo Basta para acompanhar os resultados, a esperança viveu até ao fim.
“Temos informação de que há um eurodeputado que está em disputa entre nós e a Aliança”, dizia ao Expresso Nuno Afonso, um dos vice-presidentes do Chega, numa altura em que Santana Lopes assumia a derrota.
Já antes, depois de terem sido conhecidas as primeiras projeções, o porta voz da coligação afirmava ter conhecimento de uma outra sondagem que dava a eleição de um eurodeputado sem, no entanto, conseguir indicar qual era...
Porém, na sala, os ânimos iam acalmando. Só se ouviam gritos de “Basta” e as bandeiras só se agitavam quando as câmaras das televisões se ligavam.
“O facto de estarmos no boletim de voto é uma vitória. Os olhos estão em outubro e iremos concorrer como Basta”, comentava Manuel Matias, líder do PPV que contava com os votos dos polícias, dos católicos e dos evangélicos para ser a surpresa da noite e fazer a festa. Esses votos não chegaram e festa não houve.
No fim, depois do curto discurso do candidato derrotado, só houve mesmo selfies à frente da tarja da Coligação Basta. Em outubro se verá.
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