Europeias 2019

CDU não vai em “questiúnculas”. Prefere bicadas à direita

CDU não vai em “questiúnculas”. Prefere bicadas à direita
NUNO VEIGA/Lusa

“Não contem connosco”, diz João Ferreira. O candidato comunista não quer “ataques pessoais”, nem uma campanha de “questiúnculas”. Mas, no minuto seguinte, está a entrar na roda do combate político em modo de ataque

A arruada pelo centro de Évora não arrastou multidões. Numa cidade a recuperar de um dia de intenso calor e repleta, mais de turistas, do que de eleitores, a caravana da CDU passou sem fazer história. João Ferreira, porém, não desfaz o optimismo. Vê nesta, como noutras iniciativas anteriores, uma "força que se levanta em todo o país" e que lhe permite vislumbrar "um grande resultado".

Optimismos à parte, cada momento da campanha eleitoral serve para deixar mensagens aos jornalistas. Nesta quarta-feira, a ideia era a de recusar aquilo que "outros fazem": abrir a época das "questiúnculas", das "fulanizações" ou dos "ataques pessoais", como matéria prima do combate para um lugar em Bruxelas. "Não contem connosco", garante o candidato, que promete manter o rumo traçado no manifesto eleitoral e aproveitar cada momento para abordar "as grandes questões da Europa" e dos efeitos que as decisões de Bruxelas têm sobre Portugal e os portugueses.

Uma bela e nobre intenção que, na frase seguinte, já vinha devolvida ao remetente. Na verdade, João Ferreira não resistiu a lançar farpas diretas aos adversários. Ele, que "não teme, mas até reclama comparações", apontou logo o dedo aos que, nos cinco anos de mandato no Parlamento Europeu, não deram idênticas provas de produtividade e empenho. "Nós, na CDU, estamos particularmente à vontade para prestar contas", sublinha. Já outros, "sabemos do seu embaraço" porque "não podem fazer o mesmo".

Um candidato não é de pau e guerra é guerra, mesmo que em terreno eleitoral. Os alvos são PS, PSD e CDS que, por demasiadas vezes, os comunistas vêem convergir neste Parlamento ou no Europeu, tanto faz. "Perguntem-lhes como votaram nas questões verdadeiramente importantes?", lança como dúvida retórica.

A resposta está na ponta da língua. João Ferreira sabe o que "a direita fez" nos verões passados e não aceita desculpas. Agora "encenam divergências quanto ao acessório, para esconderem as convergências que têm quanto ao essencial".

Nada que supreenda a CDU. Afinal, a estratégia política passa por demarcar terreno em cada etapa eleitoral. João Ferreira, também aqui, não se distingue dos adversários mais próximos. A distância face ao PS precisa de ser estabelecida até dia 26. E há ainda muitos discursos de campanha para o fazer.

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