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Autárquicas 2021

A “vitória não total” de Ventura: “Enfrentarem-nos é enfrentar um enorme bloco de cimento”

A “vitória não total” de Ventura: “Enfrentarem-nos é enfrentar um enorme bloco de cimento”
Rui Duarte Silva

Líder do Chega fala em “vitória não total” nas eleições autárquicas: “Queria ficar em terceiro lugar, mas não consegui”. Mas Ventura consegue passar o Bloco - e fica como quinto maior partido local, elegendo 19 vereadores pelo país, pelo menos um decisivo, em Santarém. Para o PSD, ficou o recado: “Os acordos que fizermos serão em prol de proteger os portugueses de bem”

A “vitória não total” de Ventura: “Enfrentarem-nos é enfrentar um enorme bloco de cimento”

Liliana Coelho

Jornalista

A “vitória não total” de Ventura: “Enfrentarem-nos é enfrentar um enorme bloco de cimento”

Rui Duarte Silva

Fotojornalista

Durante grande parte da noite, os apoiantes do Chega dividiam-se entre selfies e gins, alheios às projeções na televisão. Mas já perto da meia-noite, o ambiente do quartel-general do partido, em Braga, era um misto de desânimo e cansaço. André Ventura adiou por quatro vezes o discurso final, à espera dos resultados de Lisboa, Alentejo e Algarve – apostas do partido para as autárquicas –, aumentando a ansiedade entre os 300 convidados.

Quando subiu ao púlpito, perto das duas da manhã, o discurso era de vitória, mas "não total". "Hoje fizemos história. A partir de amanhã, os nossos adversários sabem uma coisa, sabem que enfrentarem-nos é enfrentar um enorme bloco de cimento, uma força gigantesca implementada na grande maioria das autarquias e Portugal. Com apenas dois anos e meio, somos a terceira força política em grande parte dos concelhos", afirmou o líder do Chega, sob os aplausos e gritos efusivos dos apoiantes.

Segundo os resultados provisórios, o Chega conquistou 4,16% da votação, o que equivale a 205.266 votos. Admitindo que o objetivo do partido era alcançar a terceira posição, Ventura assumiu a "responsabilidade", mas considerou que com a "enorme implantação nacional" alcançada com 19 vereadores, 171 mandatos para assembleias municipais e 205 mandatos para assembleias de freguesia o Chega dará o "primeiro passo" para ser Governo em Portugal. Um resultado bem acima dos 12 vereadores conquistados pelo Bloco de Esquerda em 2017, que era uma das metas do Chega.

Ventura não conquistou a presidência da Assembleia Municipal de Moura. Mas a nível distrital, as apostas do líder também não falharam muito, tendo o Chega conseguido eleger seis vereadores na área de Lisboa (Azambuja, Cascais, Loures, Odivelas, Sintra, Vila Franca de Xira), quatro em Santarém (Benavente, Entrocamento, Salvaterra de Magos Santarém), três em Setúbal (Moita, Seixal, Sesimbra) e dois em Beja (Moura, Serpa) e Faro (Loulé e Portimão). A surpresa foi a eleição de um vereador em Viseu (Mangualde) e Braga (Vila Verde).

RUI DUARTE SILVA

Recados para Rio, olhos postos nas legislativas

Questionado sobre acordos pós-eleitorais, o líder do Chega insistiu que não haverá nenhum acordo com o PSD a nível autárquico, nem nenhum entendimento com o partido de Rui Rio, enquanto tal não suceder a nível nacional.

"Nós não estamos à venda. Eu sei que agora virá muita pressão sobre o Chega para nas câmaras onde ficou com um lugar decisivo fazer acordos de governação. Os acordos que faremos não serão com o partido A ou com o partido B, serão em prol da população, serão em prol de mais condições de segurança, serão em prol de proteger os portugueses de bem, de proteger os contribuintes, proteger quem trabalha", avisou.

Para Ventura, o resultado não deixa de ser "histórico" – sendo um partido com apenas dois anos – agradecendo o trabalho dos candidatos e militantes que "deram tudo o que tinham" a um partido com "poucos" recursos. E pelo meio um recado a Ana Gomes, ex-rival na corrida a Belém: "Quem queria ilegalizar o Chega" percebeu agora que o partido "não é de um homem só e só à volta do Parlamento".

Olhando para o futuro, já com as legislativas no horizonte, o líder considerou ainda que estas eleições constituem o primeiro "passo" para o partido alcançar o seu objetivo em 2023. Pouco antes, Ventura já traçava um cenário otimista para daqui a dois anos, frisando que algumas projeções indicam que o Chega "está a disputar o terceiro lugar nas eleições legislativas" se se disputassem hoje "com valores próximos dos 9%.”

"Este resultado foi um enorme cartão vermelho a António Costa. Que ninguém tenha dúvidas, estas eleições autárquicas, com a enorme força que mostraram, serão o primeiro passo para dizer que os portugueses não aceitam, não aceitaram e não compreenderão um Governo sem o Chega", assegurou.

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