Autárquicas 2021

Governo diz que Galp ainda não apresentou plano obrigatório de descontaminação dos solos de Matosinhos

João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente
João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente
TIAGO PETINGA/Lusa

O ministro do Ambiente disse hoje que a Galp é obrigada a apresentar um programa para a descontaminação dos solos da refinaria de Matosinhos, Porto, e de um projeto para o desmantelamento da unidade industrial, o que ainda não fez

O ministro do Ambiente disse esta terça-feira que a Galp é obrigada a apresentar um programa para a descontaminação dos solos da refinaria de Matosinhos, Porto, e de um projeto para o desmantelamento da unidade industrial, o que ainda não fez.

"A Galp é obrigada a apresentar um programa para a descontaminação dos solos, e apresentar o projeto para o desmantelamento da unidade industrial, ainda não fez uma coisa nem outra", afirmou João Pedro Matos Fernandes, numa conferência de imprensa, no Ministério do Ambiente e da Ação Climática, em Lisboa.

Questionado sobre a hipótese que tem sido avançada por alguns meios de comunicação, de que os terrenos da refinaria de Matosinhos possam vir a ser utilizados para a construção de um empreendimento de luxo, Matos Fernandos lembrou que o uso do solo é regulado exclusivamente pela Câmara Municipal de Matosinhos.

"No Plano Diretor Municipal está dito que aquele território, penso que todo ele, não me peça para conhecer o PDM com esse rigor, penso que todo ele está destinado a uso industrial. A senhora presidente da Câmara Municipal de Matosinhos já veio pronunciar-se nesse mesmo sentido", apontou o governante.

Quanto ao encerramento daquele parque petroquímico do Norte do país, Matos Fernandes reiterou que sempre teve uma posição "muito clara".

"O encerramento da refinaria de Matosinhos é essencial para o cumprimento das metas de reduções de emissões em Portugal, porque vamos mesmo ser neutros em carbono. Como sempre disse também, eu próprio, desde o início, considero uma enorme insensibilidade comunicar um despedimento coletivo meia dúzia de dias antes do Natal, isso não se faz", defendeu o ministro do Ambiente, acrescentando que "tinha a expectativa que a Galp, de que todos os portugueses são clientes, tivesse um comportamento cidadão, indo além da lei, e não foi isso que a Galp fez".

No passado domingo, durante uma ação de campanha para as eleições autárquicas, em Matosinhos, António Costa, na qualidade de secretário-geral do PS, afirmou que "era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade" como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma "lição exemplar" à empresa.

António Costa acusou ainda a empresa de ter revelado "a menor consciência de responsabilidade que qualquer empresa - e em particular uma empresa daquela dimensão - tem para com o território onde está instalada, onde deixa um enorme passivo ambiental de solos contaminados, não dialogando previamente com a Câmara nem com o Estado sobre o que é que pretende fazer depois de encerrar aquela refinaria aqui em Matosinhos".

A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.

A petrolífera justificou a "decisão complexa" de encerramento da refinaria com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.

O encerramento da refinaria de Matosinhos, em abril, representa perdas de 5% do PIB em Matosinhos e de 1% na Área Metropolitana do Porto, segundo um estudo socioeconómico a que a Lusa teve acesso.

O estudo, encomendado pela Câmara Municipal de Matosinhos à Universidade do Porto para avaliar os impactos socioeconómicos do fecho do complexo petroquímico no concelho, traça um "cenário particularmente grave" para a região Norte e para o país, caso não seja dado qualquer destino àquela instalação industrial.

O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.

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