O autocarro cor de laranja de dois pisos, um deles a céu aberto, abranda na avenida dos Aliados. Rui Rio vai junto à janela, com Vladimiro Feliz ao lado, quando um agente da polícia o aborda discretamente: “Vai desistir, se não conseguir melhor?”. Das colunas do autocarro, batizado de ‘Marlene’ desde os tempos em que Rui Rio fazia campanha na Invicta, saía uma música ininterrupta de apoio a Vladimiro Feliz que tornava difícil a Rio ouvir o que o agente lhe dizia. Debruça-se para ouvir melhor e a resposta sai-lhe não por palavras, mas através de um sorriso e de um abanar de dedo: 'na.
Era a terceira pessoa que, durante o passeio de 3h na ‘Marlene’, abordava Rui Rio para lhe pedir para ficar na presidência do PSD. Numa esplanada na rua das Flores, cheia de turistas, um casal demorou-se mais na conversa: ela tinha sido contemporânea de Rui Rio na Faculdade de Economia e opositora nas listas para a Associação de Estudantes, e ele tinha um recado para lhe dar: “Veja lá se fica”. A resposta de Rio, desta vez, com as câmaras de televisão apontadas, sai com mais cautela: “Vamos lá ver, vamos lá ver”. “É que não há lá ninguém melhor”, insistiria o interlocutor. E agora Rio: “Há diferença entre as pessoas e o partido…”. E toca a circular que o dono do café não estava a gostar de tamanho aparato junto à sua esplanada.
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