O candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal de Alcochete, Gabriel Mithá Ribeiro, pretende fazer "um ensaio do que é uma verdadeira comunidade moral", abordando temas como a imigração ilegal, o racismo, o ensino e a família.
"Isto é uma candidatura que pretendo que seja muito forte nas mensagens que vai passar. Primeiro, tentar uma inserção do Chega a partir de grupos ou segmentos sociais específicos, por exemplo, professores e pequeno comércio, não fazer uma candidatura que aponte em geral para os eleitores, mas que aponte para núcleos específicos", afirmou o cabeça de lista do Chega à Câmara Municipal de Alcochete, no distrito de Setúbal, nas eleições autárquicas, agendadas para 26 de setembro.
Gabriel Mithá Ribeiro, de 55 anos, nasceu em Moçambique e vive em Portugal desde 1980, tem formação em História, mestrado e doutoramento em Estudos Africanos, é investigador no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa e tem dado aulas no ensino superior e também está ligado ao ensino secundário. Antes de entrar para o Chega, em 2020, foi militante do PSD desde 2005 até à mudança de partido. Nunca viveu em Alcochete, mas é da Margem Sul, tendo já residido na Moita, no Seixal e, presentemente, em Almada.
Em declarações à agência Lusa, o candidato do Chega disse que "Alcochete tem problemas com os mariscadores ilegais e associado à imigração ilegal", propondo-se a "fazer um ensaio do que é uma verdadeira comunidade moral" neste concelho.
"Muitos dos bloqueios que temos na sociedade, temos uma espécie de muro de betão mental entre nós e a verdade, é isso mesmo, então gostava de levar para Alcochete um debate absolutamente livre, sem censuras, sobre, por exemplo, o racismo, e tentar que isso seja feito no espaço público, tentar que isso entre nas instituições, tentar libertar a comunidade de uma forte censura, e até de fenómenos de alienação mental que existem", indicou Gabriel Mithá Ribeiro.
O cabeça de lista do Chega à Câmara Municipal de Alcochete apresenta ainda como "outra ideia forte" a necessidade de "assumir que existe uma geração falhada de autarcas, há uma geração de autarcas que falhou, e no caso de Alcochete isso é muito evidente por causa da dívida da autarquia", com a governação do PS e da coligação CDU (PCP-PEV).
"Embora se esteja a inverter a situação, há custos morais, há custos cívicos de longa duração deste tipo de herança das autarquias", apontou o candidato, considerando que deixar dívidas "é retirar às gerações futuras o direito de nascerem livres".
Em linha com a proposta do Chega de "Reforma do Ensino Básico e Secundário - Seis Princípios Fundamentais", documento que deve ser "oferecido, na medida do possível, a todos os educadores, professores, assistentes operacionais das escolas de Alcochete", o investigador universitário defendeu "um olhar diferente sobre as questões do ensino", com a maior participação das autarquias, em vez do "poder centralizador do Ministério da Educação".
"Vamos chamar a atenção para o problema da indisciplina, da desregulação de comportamentos, da falta de autoridade dos professores, vamos chamar à atenção para que as comunidades comecem a reagir aos excessos de burocracia", referiu o candidato do Chega.
No âmbito da revisão do programa político do Chega, em que na componente social se assume como um partido da família, inclusive propõe a criação do Ministério da Família, Gabriel Mithá Ribeiro quer que em Alcochete seja realizada "uma festa anual da família", que seja dinamizada ou em parceria com o pequeno comércio local e com o setor da restauração, até para revitalizar o centro histórico do concelho.
"Vamos apresentar uma candidatura forte, pelo menos em termos de ideias, e tentar que o Chega em Alcochete tenha um resultado razoável ou pelo menos bom, o ideal seria eleger pelo menos um vereador, não sei se vamos conseguir, mas pelo menos lançar a semente do partido num contexto que é muito desafiante, mas que pode ser compensador", declarou o candidato.
Além de Gabriel Mithá Ribeiro, para a corrida à presidência da autarquia, atualmente liderada por Fernando Pinto (PS), que já anunciou a sua recandidatura, foram até agora anunciadas as candidaturas de Luís Franco (CDU) e Pedro Louro (PSD).
Atualmente, a Câmara Municipal de Alcochete tem três eleitos do PS, dois da CDU e dois da coligação CDS-PP/PPD/PSD.