Autárquicas 2021

Lisboa. Ex-presidentes Eanes e Sampaio gravam vídeos de apoio a Medina

Lisboa. Ex-presidentes Eanes e Sampaio gravam vídeos de apoio a Medina
Ana Baião

No campeonato dos Presidentes da República, Medina leva vantagem: repete o apoio do socialista Jorge Sampaio, que já esteve no seu lugar, e volta a ter um Ramalho Eanes politicamente muito ativo a seu lado, que lhe elogia o "caráter".

Lisboa. Ex-presidentes Eanes e Sampaio gravam vídeos de apoio a Medina

Vítor Matos

Jornalista

Quando faltam apenas dois meses para as eleições autárquicas de 26 de setembro, Fernando Medina garante o apoio de dois ex-Presidentes da República para renovar o mandato como presidente da câmara de Lisboa. Se o ex-líder socialista Jorge Sampaio - que presidiu ao município lisboeta antes de chegar a Belém - é mais surpresa porque nos últimos tempos raramente aparece em público por razões de saúde, António Ramalho Eanes surpreende pelo ativismo e visibilidade política que tem mantido nos últimos meses.

Na verdade, são dois apoios repetentes: o socialista Sampaio volta a apoiar o socialista Medina para um cargo que já desempenhou, e que lhe serviu de trampolim para voar para Belém; e, sendo menos óbvio, até porque foi um apoiante de Cavaco Silva nas presidenciais, Ramalho Eanes também já tinha estado no lançamento da candidatura de Medina nas autárquicas de 2017, quando lhe disse, “à bruta”, como na tropa: “Não me lixe e faça um bom trabalho”.

Os dois ex-Presidentes gravaram vídeos de apoio ao candidato, mas o de Jorge Sampaio seria o mais curto, de apenas 28 segundos, onde o antigo líder socialista fez questão de destacar que o atual presidente da câmara tem “obra feita”, e que “desde 2015 tem vindo a mudar a cidade para melhor, a partir de uma visão forte, moderna, mais sustentável e inclusiva de Lisboa”.

Um pouco mais demorado, num vídeo com 3m42, Ramalho Eanes começa por dizer que mesmo não sendo a sua cidade natal, Lisboa é onde nasceram os seus filhos e netos, por isso deseja que a capital seja uma “cidade cada vez melhor”. Na opinião de Eanes, Medina “terá estabelecido um projeto de modernização económica da cidade e de inclusão social” e ainda lhe elogia o “empenho e eficácia” na gestão da pandemia, a que terá respondido com “prontidão e mérito.” Numa nota que poderá significar um apoio para outras ambições, Eanes aponta a Medina “inegáveis talentos de espírito, entre eles a inteligência” e ainda
“grandes qualidades de temperamento”, de “caráter”, enaltecendo a “formação académica” e a “experiência política” do candidato.

Se bem que este apoio de Eanes seja uma repetição do que aconteceu há quatro anos, a verdade é que o ex-presidente tem estado politicamente muito ativo: nos últimos meses, encabeçou uma polémica carta assinada por todos os ex-chefes do Estado-Maior General das Forças Armadas contra a reforma do comando superior das Forças Armadas levada a cabo pelo ministro da Defesa, posicionou-se da mesma forma no Conselho de Estado, assinou outra carta a favor da reabertura do Hospital Militar de Belém, fez questão de marcar uma posição a reconhecer a importância de Otelo Saraiva de Carvalho na História de Portugal por ter sido o comandante do golpe que pôs fim à ditadura, aceitou o convite de Marcelo Rebelo de Sousa para presidir à comissão de Honra das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, e há dois anos fez um discurso na SEDES a denunciar a “epidemia de corrupção” e o “encastelamento” partidário.

Embora se saiba que Carlos Moedas, o candidato do PSD e do CDS, era um predileto de Marcelo na paleta da direita, não será um Presidente em exercício a explicitar-lhe apoio. Em matéria de campeonato presidencial, resta saber se o trunfo de Cavaco Silva estará disponível para lhe fazer um endorsement, num momento em que a sondagem Expresso/SIC desta semana (realizada pelo ISCTE/ICS) dá ao candidato da direita uma votação na ordem dos 31% - o que corresponde à soma do resultado do PSD (11%) com o CDS (20%) em 2017 (isto apesar de 4% do Chega). Medina, segundo o mesmo estudo, continuaria sem maioria absoluta, com 42%. Resta saber se os apoios presidenciais contribuem para mobilizar mais voto.

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