No final do ano passado, o sueco Göran Marby pediu, inesperadamente, a demissão da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers em inglês, ou ICANN), que é hoje o que de mais parecido existe com um governo da rede, ao assegurar a gestão dos servidores e dos sistemas que suportam os endereços. A britânica Sally Costerton, que já tinha um cargo no organismo sediado nos EUA, acabou por assegurar a função a título interino – e é nessa qualidade que veio a Lisboa participar na Web Summit.
Pouco se sabe sobre quem será o futuro diretor-executivo da ICANN, e não será Costerton que vai fornecer detalhes. Sobre os que defendem que é tempo de passar a gestão técnica da Internet para as Nações Unidas, responde que esse modelo de gestão implica excluir a sociedade civil, restringindo a tomada de decisão aos governos. Além de defender a neutralidade, a gestora interina da ICANN não deixa de expressar críticas incisivas sobre a legislação que entrou em vigor, recentemente, para banir conteúdos que se consideram serem nocivos para a população.
“Se quiserem começar a regular os conteúdos, podem acabar por danificar a infraestrutura da Internet, as fundações que suportam a distribuição de conteúdos”, avisa Costerton, em entrevista ao Expresso.
O sonho de uma Internet unificada acabou?
Não ao nível técnico. A Internet unificada ainda continua a existir, e nunca teve quebras ao longo de 30 anos. Para a ICANN é um conceito que continua bem vivo. Se há um risco de fragmentação? Sim, há. Se a política e os nacionalismos podem pôr este conceito de Internet unificada em risco? Sim, e o mesmo acontece com legislação que até pode não ter esse tipo de intenção…
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