Macron defende “forma inovadora de casamento” entre Air France e TAP, mas não explica como

O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu na sexta-feira, no Porto, uma “forma inovadora de casamento” entre a Air France e a TAP, no âmbito da privatização da companhia aérea portuguesa, prevista para este ano. Mas não explicou em que cenário é que isso pode acontecer.

“Queremos encontrar uma forma inovadora de casamento entre a Air France e a TAP”, afirmou o chefe de Estado francês no encerramento do fórum luso-francês, no Palácio da Bolsa, no Porto, durante a sua visita de dois dias a Portugal. A Air France/KLM é um dos candidatos à compra da TAP, e tem manifestado nos últimos meses interesse em participar no processo, tendo-se já reunido com o gabinete do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

Perante uma plateia de empresários de diferentes áreas, Macron, acompanhado do primeiro-ministro, Luís Montenegro, assumiu querer fazer mais em matéria de transportes, nomeadamente com as companhias aéreas.

Um dos três candidatos assumidos à compra da TAP, o grupo franco-neerlandês não perde uma oportunidade para revelar o seu interesse na companhia portuguesa, que deverá ter de disputar, pelo menos, com a alemã Lufthansa e o Grupo IAG (British Airways e Iberia). O presidente executivo (CEO) da Air France-KLM, Ben Smith, que também esteve na comitiva da Macron, garantiu que está pronto para apresentar o projeto para a privatização da TAP e salientou que a companhia franco-neerlandesa tem "grandes ambições em Portugal".

Air France elogia hub da TAP

“Portugal é um grande país e um mercado estratégico para a Air France-KLM. A TAP Air Portugal é uma companhia aérea emblemática que construiu um hub poderoso em Lisboa, aberto ao mundo. A Air France-KLM está pronta para apresentar o seu projeto no âmbito do processo de privatização da TAP, que estamos a acompanhar há bastante tempo", assegurou o responsável, em declarações enviadas à comunicação social.

Miguel Pinto Luz disse que o processo de privatização da TAP está neste momento em “avaliação interna” e que o Governo irá depois publicar um decreto-lei com as regras para a venda, à semelhança do que o anterior executivo socialista fez, em dezembro de 2023, e que foi vetado pelo Presidente da República.

“Nós desta vez queremos que seja o mais transparente e dialogante possível”, vincou o ministro das Infraestruturas. Porém o governo ainda não reuniu com Pedro Nuno Santos, líder do PS, que tem defendido a venda de uma parcipação minoritária.

A Bloomberg já avançou que o Governo está a ponderar vender pelo menos 49% do capital da TAP, num processo de privatização que deverá arrancar em março e poderá estar concluído até à primeira metade de 2026.

O Governo reuniu-se recentemente com interessados na compra da transportadora aérea portuguesa, no âmbito do processo de reprivatização preparado pelo anterior executivo socialista, que o queria concluir em 2024, mas que ficou em espera com a mudança de governo.