Transportes

Expansão da capacidade do aeroporto de Madrid até 2031 retira competitividade ao turismo português, alertam hoteleiros

Aeroporto Adolfo Suárez Madrid-Barajas
Aeroporto Adolfo Suárez Madrid-Barajas
Pablo Blazquez Dominguez/Getty

“Vamos transformar o aeroporto de Madrid num dos maiores aeroportos da União Europeia e, portanto, do mundo”, prometeu o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez

A Associação da Hotelaria de Portugal defende que o aumento da capacidade aeroportuária em Madrid para 90 milhões de passageiros pode trazer “potenciais benefícios” para Portugal porque irá atrair passageiros de destinos mais longínquos da Península Ibérica, mas irá também levar a “perdas de competitividade” dado o esgotamento do aeroporto de Lisboa.

Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), defendeu, em declarações à Lusa, que dada "a proximidade [de Madrid], há potencial benefício para Portugal, especialmente nas chegadas de destinos mais distantes, como é o caso do Oriente, e de onde não existem voos diretos” para Lisboa.

Porém, alerta, o investimento de 2,4 mil milhões de euros na expansão do aeroporto de Madrid também comporta riscos para a competitividade da economia portuguesa. “Torna-se evidente, mais uma vez, que eventuais atrasos em Portugal e a falta de alternativas até a conclusão do novo aeroporto acarretam perdas de competitividade para a economia portuguesa, sobretudo pelo peso que o turismo tem para o país”, disse.

Estão previstas obras para o aeroporto de Lisboa que aguardam luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente, mas que não irão aumentar a capacidade, apenas melhorar a operação. E que só estarão prontas na melhor das hipóteses em 2027. Um novo aeroporto demorará cerca de dez anos a estar operacional, mas o país ainda está a discutir a sua localização.

"O aumento, agora divulgado, da capacidade do aeroporto de Madrid irá trazer, naturalmente, vantagens para Espanha e para as suas regiões”, declarou Bernardo Trindade.

O maior investimento da última década

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, anunciou na semana passada, que o aeroporto de Madrid vai aumentar a sua capacidade em 28% até 2031, para 90 milhões de passageiros anuais. Expansão que representará um investimento de 2400 milhões de euros.

Trata-se do "maior investimento da última década em infraestruturas aeroportuárias em Espanha", disse Sánchez, durante uma visita à Feira Internacional de Turismo de Madrid (FITUR), considerada a maior do mundo do setor.

"Vamos transformar o aeroporto de Madrid num dos maiores aeroportos da União Europeia e, portanto, do mundo, com vocação de se consolidar como centro de ligações entre a Europa e a América Latina e também a Ásia", sublinhou então o primeiro-ministro espanhol.

Em 2023 Espanha alcançou números recorde de turismo, tanto a nível de visitantes, como de receitas e de emprego no setor. Sánchez considerou que as infraestruturas são determinantes para o país ser e continuar a ser "uma potência mundial de turismo".

O aeroporto de Madrid gera atualmente, de forma direta ou indireta, quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da região de Madrid, avançou Pedro Sánchez, explicando que a e suaa ampliação "vai traduzir-se num forte crescimento de capacidade e de rotas", assim como na criação de milhares de empregos novos.

"Com este investimento, vamos fortalecer a liderança do 'hub' com a América Latina e vamos desenvolver o hub com a Ásia, com novas rotas e linhas, essa é a nossa ambição", afirmou.

Os aeroportos de Espanha tiveram em 2023 um recorde de 283,2 milhões de passageiros (turistas e não só), revelou a empresa AENA, que gere os 48 aeroportos civis do país.

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