Telefone pessoal de Eduardo Vítor Rodrigues divulgado em paragens de autocarro: presidente de Gaia diz ser ação “criminosa”
Ricardo Castelo/NFactos
Esta segunda-feira, primeiro dia útil em que opera a nova rede de autocarros do Grande Porto, o contacto pessoal de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da área metropolitana, foi divulgado nas paragens de autocarro como sendo uma linha de informações da UNIR. Presidente, que diz ter sido “assediado” para ceder a interesses durante o concurso para os transportes, promete avançar para a justiça
Em alguns dos pontos de paragem de autocarro na Área Metropolitana do Porto (AMP), um papel afixado, com logótipo e tipo de letra semelhantes ao das comunicações oficiais do novo serviço de transportes públicos rodoviários da região, a UNIR, indicava o suposto contacto de uma linha de informações sobre a operação. Mas o número de telefone divulgado era, na realidade, o contacto pessoal de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da AMP.
As centenas de pessoas que na manhã desta segunda-feira ficaram retidas nos concelhos onde opera o novo serviço, em especial em Vila Nova de Gaia (concelho onde Eduardo Vítor Rodrigues é presidente da Câmara), tentaram ligar para obter justificações pelos atrasos, sem resposta.
Mais tarde, do número do presidente, foi enviada uma SMS para quem realizou as chamadas não correspondidas, que pedia “desculpas”, uma vez que “um(a) criminoso(a) fez distribuir este número como sendo das informações da UNIR”.
Pessoas que ligaram para o número afixado nas paragens, que era na realidade o contacto do presidente da AMP, receberam esta mensagem como pedido de desculpas.
D.R.
Durante a manhã, terão caído centenas de chamadas no telemóvel pessoal de Eduardo Vítor Rodrigues a pedir esclarecimentos sobre os atrasos nos transportes. Em declarações ao Expresso, o responsável pela AMP classifica esta ação como “pirataria”.
O presidente diz ter mandado recolher as folhas para entregar na polícia. “Tenho ideia de quem foi”, refere, mas sem nunca nomear, remetendo essas declarações para o que vai “dizer na Justiça”.
“Isto não é uma brincadeira, é sério. Estamos perante um momento desesperante para as pessoas, negócios e interesses postos em causa e acham que a culpa é sempre dos presidentes. Quem, como eu, foi assediado para manipular o concurso para a vitória de alguns, mexeu com [essas pessoas] eu não ter feito isso. Mexi com alguns interesses instalados, deixou inimigos e fizeram essa maldade. Mas nunca pensei que chegassem a isto”, diz.
A UNIR iniciou operações na sexta-feira, 1 de dezembro, mas teve esta segunda-feira o primeiro teste em dias úteis. As críticas fizeram-se chegar, nas ruas, redes sociais e por relatos feitos ao Expresso, de atrasos e falhas sucessivas de carreiras, com centenas à espera em horas de ponta e sem transporte.
Eduardo Vítor Rodrigues promete que se vão corrigir as falhas no serviço, garantindo que “os autocarros estão na rua e as pessoas estão a circular”. “É preciso lembrar que o que tínhamos era de tal maneira péssimo, de péssima qualidade, não havia horários”, volta a frisar sobre o serviço das cerca de 30 empresas privadas que asseguravam transporte rodoviário em todos os concelhos da AMP.
Por resolver estão, entre outras queixas dos utentes, o afixar de escalas horárias nas paragens e a divulgação de horários noturnos e de época escolar.