O grupo Air France/KLM reafirmou esta sexta-feira o interesse na privatização da TAP, apesar de salientar que não se sabe ainda quais são as condições da venda. O grupo já está inclusive no terreno a preparar a operação.
Benjamin Smith, presidente executivo da Air France/KLM, avançou, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do grupo no primeiro semestre, que já contratou os assessores financeiros e jurídicos para os assessorar numa eventual compra da TAP e para poder avançar com a sua proposta assim que as condições e o caderno de encargo forem anunciados. Está previsto que aconteça depois do verão, em princípio em setembro.
“Já contratámos consultores jurídicos e financeiros. Estamos a andar nessas duas frentes como se quiséssemos participar e fazer uma oferta, para não estarmos a começar do zero quando o processo arrancar”, assegurou. O gestor preferiu, porém, não avançar com os nomes dos assessores que irão apoiar a empresa na potencial compra da transportadora portuguesa.
Benjamin Smith elencou os pontos diz serem os compromissos da Air France/KLM numa eventual aquisição, frisando que são os mesmo que têm norteado a aliança entre o grupo que junta empresas com sede em Paris e Amesterdão: a preservação da marca TAP, a manutenção o hub no aeroporto de Lisboa, as rotas (que possam ser complementares às suas) e as “sólidas” competências dos trabalhadores.
Minoritário sim, mas com o controlo da estratégia comercial
Salientando que já manifestou o interesse na TAP por várias vezes, e que segue “de perto” o dossiê da privatização, Benjamin Smith admite implicitamente que a Air France/KLM pode ficar como acionista minoritária da transportadora portuguesa, desde que tenha o controlo da estratégia comercial. “Quando entrarmos nesta transação queremos ter a certeza que estrategicamente se encaixa no que queremos fazer. Se são 20%, 40%, 60%, 80% depende dos direitos que teríamos”, atirou: Mas, avisa: “A direção comercial é chave para nós.”
O gestor adiantou, no entanto, que existe um compromisso que pretendem manter com o mercado financeiro. “O que é mais importante é que assumimos o compromisso com a comunidade financeira de que vamos atingir uma margem de 7% a 8% no médio prazo. Em qualquer transação teríamos de ter a certeza e o conforto de que esse objetivo se manteria intacto.
O interesse da Air France/KLM é claro, e o presidente do grupo explica porquê: “Queremos entrar no processo. Gostamos da TAP, Gostamos da localização de Lisboa, Gostamos da combinação de rotas que, se a operação avançasse,a TAP poderia trazer ao grupo”. Por isso, sintetiza: “Estrategicamente, sim”.
Mas não deixa de dizer: “temos de olhar para a operação". E, depois, dependendo das condições, o grupo vê se pode entrar no processo de compra ou não.
“Com a experiência que temos de balancear a força de uma companhia aérea com os benefícios de pertencer a grande grupo, acho que somos os mais credíveis na capacidade de assumir compromissos nessa frente”, defendeu ainda, lembrando que são o grupo mais antigo da Europa.
“Penso que estamos bem posicionados para sermos considerados na mesma ou numa melhor posição do que os outros” candidatos.
A Air France/KLM não está sozinha na corrida à TAP, há pelo menos dois candidatos a posicionarem-se também, a Lufthansa e o grupo IAG (British Airways/Iberia), que também já está no terreno a preparar a compra.
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