“Frederico Pinheiro tirava sempre notas das reuniões. E mandava-as mais tarde”, assegura Maria Antónia Araújo, chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos, ouvida esta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. Precisou, no entanto, que não participava em muitas reuniões com Frederico Pinheiro, que foi adjunto de Pedro Nuno Santos nas Infraestruturas e, depois, de João Galamba.
“Nunca aconteceu negar a existência de notas”, frisou ainda em resposta a perguntas de Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda. Maria Antónia Araújo afirmou que não estava presente no Ministério das Infraestruturas no dia da exoneração de Frederico Pinheiro e dos incidentes, a 26 de abril. A jurista é atualmente chefe gabinete de Frederico Francisco, secretário de Estado das Infraestruturas.
Maria Antónia Araújo explicou aos deputados que os documentos relativos à TAP “estavam arquivados”, não no arquivo geral, e a eles tinham acesso apenas “um número restrito de pessoas”, já que eram documentos “de extrema sensibilidade”.
E explica que apenas “dois membros do governo e Frederico Pinheiro, que fazia parte de um grupo de trabalho que acompanhava a TAP” - onde estava a “Parpública e um membro da VdA [Vieira de Almeida]” que acompanhava o processo de auxílios de Estado em Bruxelas - tinham acesso ao plano de reestruturação. Os dois membros do Governo eram Pedro Nuno Santos e o secretário de Estado, Hugo Mendes.
“O plano não podia circular, era uma diretriz que eu tinha e controlava e seguia”, explicou. E afirmou que não estava no arquivo geral, que é sobretudo físico. Eugénia Correia, chefe de gabinete de João Galamba, ouvida na semana passada na Comissão Parlamentar, afirmou que o plano de reestruturação da TAP não estava no arquivo central, o que considerou estranho, e foi, explicou, uma das razões que aprofundou a preocupação em relação ao computador de Frederico Pinheiro e à relevância e mantê-lo no Ministério.
"Não posso assegurar que o ministro Pedro Nuno Santos tinha o documento no computador", frisou, em resposta aos deputados. E explicou que as Finanças também tinham acesso ao plano de reestruturação. Lembrou que quem representava o Estado nas negociações com a Direção Geral da Concorrência era o secretário de Estado do Tesouro.
Frederico Pinheiro “muito eficiente” e “cordial”
“Era normal levar o computador para casa. Os documentos não estavam classificados”, admitiu. E esclareceu: “Trabalhei com o dr. Frederico Pinheiro desde setembro de 2020. Sempre foi muito eficiente. Respondia rapidamente quando precisava de informação”.
Era uma pessoa conflituosa, perguntou ainda o deputado do Bloco? “Que fosse do meu conhecimento, não”, afirmou. E volta a afirmá-lo em resposta ao deputado do Chega, Filipe Mello. "Fiquei perplexa com o episódio do dia 26 de abril", confessou. E acrescentou: "o dr Frederico Pinheiro é uma pessoa cordial. (..) Nunca tive nota de que fosse uma pessoa violenta".
Só soube da saída a 01 de fevereiro
Assegura que foi no dia 1 fevereiro que soube que Alexandra Reis ia sair da administração da TAP. E foi Hugo Mendes que lhe disse e pediu para se juntar à tarde naquele dia numa reunião.
Soube no dia de 01 fevereiro que Alexandra Reis ia sair. Foi Hugo Mendes que lhe disse e pediu para se juntar à tarde. Estava presente nessa reunião também o advogado da TAP, César Sá Esteves, e o advogado de Alexandra Reis, detalhou. E diz que foi então que percebeu que as negociações para a saída e a indemnização já decorriam há algum tempo.
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