TAP com prejuízos de €57 milhões no primeiro trimestre (e haverá novas mudanças na gestão)
Rendimentos da TAP dispararam, mas os custos operacionais são superiores, o que justificou as perdas entre janeiro e março. Novo presidente admite “desafios”
Rendimentos da TAP dispararam, mas os custos operacionais são superiores, o que justificou as perdas entre janeiro e março. Novo presidente admite “desafios”
A TAP apresentou prejuízos nos primeiros três meses do ano. Foram 57,4 milhões de euros de perdas que a companhia aérea, agora com um novo comando, sublinha corresponderem a “uma melhoria significativa” face aos 121,6 milhões de euros de prejuízos registados no mesmo período de 2022, segundo o documento publicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Estas contas justificam-se porque, apesar de um disparo nos rendimentos, a verdade é que os custos operacionais também cresceram e ficaram acima dessas receitas.
As receitas operacionais somaram 70% em relação ao período homólogo, totalizando os 836 milhões de euros. O grande disparo deveu-se aos rendimentos obtidos com as passagens. A companhia aérea refere que o número de passageiros e a capacidade superaram “os níveis pré-crise do primeiro trimestre de 2019”. “O número de passageiros transportados aumentou em 66,9%”, indicou a empresa.
Já no que diz respeito aos gastos, numa altura de inflação alta, a rubrica disparou 54% para os 852 milhões de euros, com o maior agravamento a registar-se no combustível (mais do que duplicou a despesa), havendo aumentos expressivos também nos custos operacionais com tráfego, pessoal e manutenção.
O resultado operacional passou de 62 milhões negativos, nos primeiros três meses de 2022, para 16 milhões negativos. E mesmo o resultado operacional recorrente, que exclui fatores que não se vão repetir ou de áreas que são para desfazer, melhorou, mas mantendo-se em terreno negativo: de 46,5 milhões de euros negativos para 10,2 milhões negativos.
Na citação que surge no comunicado de resultados, o novo presidente Luís Rodrigues indica que “o primeiro trimestre de 2023 mostrou uma continuidade do crescimento da procura, fazendo com que a TAP transportasse, pela primeira vez num trimestre pós-crise, mais passageiros do que em 2019”.
“A TAP apresentou neste trimestre, um forte desempenho operacional e financeiro, apesar do aumento dos custos e dos desafios operacionais. Enfrentar esses desafios às portas do Verão é o caminho no qual temos de nos concentrar. Caminho esse, que não se pode realizar sem o esforço e dedicação de todos os nossos colaboradores”, diz o presidente executivo, citado no comunicado que foi divulgado enquanto outro gestor, Ramiro Sequeira, está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP.
“Ainda não tive acesso aos valores. Entendo que já foram publicados. Estou 100% dedicado à Comissão de Inquérito”, disse o gestor Ramiro Sequeira, quando foi questionado sobre as perdas na CPI.
Se há desafios operacionais, também os há a nível de organização. Ficou já claro que a Comissão Executiva da TAP vai sofrer novas mudanças, que estão a ser combinadas pela atual equipa e o Governo, segundo confirmou na Comissão Parlamentar de Inquérito o atual gestor Ramiro Sequeira. Luís Rodrigues, o novo presidente, terá novos colegas.
Em funções desde 2018, quando os acionistas da TAP eram David Neeleman e Humberto Pedrosa, Ramiro Sequeira acabou por subir a presidente interino em 2020, para o cargo de Antonoaldo Neves. Depois, em 2021, deixou a presidência executiva para Christine Ourmières-Widener, ficando como administrador executivo, que manteve na atual equipa de Luís Rodrigues.
Equipa que, confirmou Sequeira, vai ser reformulada, já que Ramiro Sequeira contou aos deputados que há contactos entre os ministérios e a TAP para tais mudanças. Mas recusou a ideia de que esteja de saída da TAP, ao contrário do que foi já noticiado pelo Expresso, pelo menos de sua iniciativa ou que disso tenha conhecimento.
“Se estou de saída? Que eu saiba não”, disse aos deputados na audição desta quarta-feira, 10 de maio. Ramiro Sequeira é o responsável operacional da TAP.
(Notícia atualizada às 21.05)
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