Transportes

Privatização da TAP avança com a realização de duas avaliações independentes da companhia

Privatização da TAP avança com a realização de duas avaliações independentes da companhia
Regis Duvignau
O Conselho de Ministros desta quinta-feira aprovou a realização de duas avaliações independentes para privatizar a TAP, e já há interessados na companhia. Caderno de encargos pode estar pronto antes do verão. Hub de Lisboa e sinergias com comprador vão pesar no valor final

Vai haver duas entidades a fazer a avaliação financeira da TAP, o primeiro passo formal para a privatização da companhia. Fernando Medina, ministro das Finanças, prevê que o caderno de encargos vá a Conselho de Ministros antes do verão.

"Espero aprovar o decreto-lei da privatização da TAP antes do verão, por volta de julho. Não quero antecipar mais do que esta data", declarou Fernando Medina, em conferência de imprensa, após o Conselho de Ministros Já o ministro das Infraestruturas, João Galamba, afirmou, em resposta a perguntas dos jornalistas, que "há interessados" na companhia, mas não revelou os nomes dos potenciais candidatos, e salientou a importância do hub do aeroporto de Lisboa na avaliação da companhia.

"É natural que se tornem públicas várias manifestações de interesse", salientou Fernando Medina. E acrescentou: “A nossa expetativa é trabalhar para que [os interessados] sejam no maior número possível”.

As avaliações financeiras da TAP serão independentes e autónomas, adiantou o ministro das Finanças, explicando também que elas são obrigatórias. Depois da avaliação, a decisão será levada a Conselho de Ministros, "dando transparência" ao processo de privatização "ao contrário do que aconteceu em 2015", detalhou Medina, aproveitando para dar uma bicada ao Governo de coligação PSD-CDS/PP, liderado por Pedro Passos Coelho, que aprovou a venda da companhia a David Neeleman na madrugada de 12 de novembro.

"Não posso antecipar o nome das entidades que vão fazer a avaliação independente", afirmou Medina, explicitando que as Finanças e a Parpública foram hoje mandatadas para fazer a seleção dos candidatos.

Hub, transição energética e sinergias determinam valor da TAP, CPI não afeta

Medina foi parco em declarações sobre o impacto das revelações sobre a TAP que têm estado a ser feitas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP de 2020 a 2022, recusando a ideia de que poderão deteriorar o valor da companhia. E sublinhou: "O valor da TAP não é posto em causa pela CPI, um instrumento natural em democracia. Nada põe intrinsecamente em causa os valores naturais da TAP".

O ministro das Finanças, explicou, que há três componentes que compõem o valor da companhia aérea, e enumerou-os. Primeiro, "a TAP tem um valor intrinseco como transportadora com o hub de Lisboa". Depois há uma segunda dimensão, relacionado com âmbito da transição energética (como explicou João Galamba). E, por fim, uma terceira que decorre das sinergias que conseguirão ser retiradas do valor que vier a resultar da fusão com o grupo vier a adquirir a empresa.

O ministro das Infraestruturas defendeu que há “duas dimensões da maior importância”: “uma da clássica aeronáutica”, relativa ao ‘hub’ em Lisboa, e outra relativa às “oportunidades relacionadas com a transição energética”.

João Galamba detalhou que a dimensão e a conectividade do ‘hub’ no Aeroporto Humberto Delgado, bem como o papel futuro na produção e distribuição de combustíveis sintéticos para a aviação são elementos que comportam “oportunidades muito significativas para a TAP” e que devem ser incluídos num contexto de avaliação da companhia.

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