Transportes

Pilotos alertam para verão complicado e pedem para Governo deixar de gerir a TAP por Whatsapp

Pilotos alertam para verão complicado e pedem para Governo deixar de gerir a TAP por Whatsapp
João Carlos Santos

Tiago Faria Lopes, presidente do SPAC, critica ministros Pedro Nuno Santos e Fernando Medina, mas também foi aos antigos CEO e chairman

“Vai ser um verão muito complicado”. A citação é de Tiago Faria Lopes, o dirigente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) na audição desta quarta-feira, 26 de abril, a Comissão de Inquérito. Tiago Faria Lopes relembrou os 200 voos cancelados em maio de 2023 por falta de trabalhadores. “O verão vai ser caótico”, alertou

Segundo declarou o comandante, a TAP vai ter de “recorrer a contratação externa” para conseguir ter profissionais suficientes na época alta do turismo. Já o está a fazer, com a Bulgaria Air, por exemplo, e com perda de qualidade dos serviços prestados, afirmou. “Há tripulantes que não falam inglês", lamemtou.

Se a companhia tivesse pilotos suficientes, havia capacidade de garantir a qualidade da oferta; “contratando empresas estrangeiras, não sabemos”. Aliás, antes já tinha lamentado aos deputados pela redução que houve na companhia: “não podemos aceitar que se cancelam voos por falta de tripulação”, depois de a companhia ter despedido.

Na sua audição, Tiago Faria Lopes foi muito crítico com a gestão e com vários ministros, de Pedro Nuno Santos (Infraestruturas) e Fernando Medina (Finanças). “Os pilotos foram despedidos porque para o Pedro Nuno Santos éramos meninos mimados. Revela muito de quem nos está a gerir. Podemos achar muita coisa, mas não podemos agir como se fosse a mercearia lá de casa. Estamos a gerir uma empresa com impacto económico e financeiro na economia portuguesa”, criticou.

Sem gestão por Whatsapp

Aliás, o sindicalista disse que a TAP foi “destruída”, esperando que Luís Rodrigues, o novo presidente, tenha condições para trabalhar. “Que não haja interferência política na companhia. Deixem o Luís Rodrigues e a equipa gerir. Não se pode gerir mais por Whatsapp”, disse, referindo-se ao serviço de mensagens através do qual o ex-ministro Pedro Nuno Santos terá enviado mensagem para confirmar a sua validade à indemnização de meio milhão de euros para a gestora da TAP abandonar a empresa – precisamente a causa da CPI.

Tiago Faria Lopes foi fortemente crítico em relação ao tratamento que a ANA dá à TAP no aeroporto de Lisboa, dizendo que a companhia é melhor tratada em outros aeroportos, como é o caso de Orly em Paris.

Não se pode aceitar que a TAP “seja posta em segundo plano” no aeroporto de Lisboa, com localizações remotas, - o que atrasa a operação - , enquanto há ‘low cost’ , como é o caso da easyJet a quem são atribuídas mangas para embarque ou desembarque de passageiros.

“Alguma coisa está mal, ou a TAP não refila, não reclama, […] ou o aeroporto está a proceder de forma errada”, considerou, lembrando que a situação causa prejuízos àsérios à companhia. “Há passageiros a perder voos” por causa desta desorganização..

Ao atual ministro das Finanças, Fernando Medina, o sindicalista considerou que não cumpriu a sua palavra para impedir a greve convocada para a Páscoa.

Trabalhadores “esmagados”, fornecedores não

Segundo Tiago Faria Lopes, na reestruturação da TAP, os trabalhadores foram os mais penalizados, ao contrário dos fornecedores: “é muito fácil esmagar as condições a quem é mais inofensivo”. Já os fornecedores ganham mais do que em 2019, pelo que sugere até que, no que lhes diz respeito, a reestruturação não esteja a ser cumprida.

As críticas do responsável sindical do SPAC foram para Pedro Nuno Santos, Fernando Medina, mas não só. Christine Ourmières-Widener teve “erros de gestão”, afirmou, assim como Manuel Beja, presidente não executivo: “ele também não saberia destes problemas, porque não aparecia na empresa”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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