O PSD pediu ao primeiro-ministro, António Costa, que avalie as condições para que Fernando Medina e João Galamba continuem em funções, depois das últimas revelações da comissão de inquérito à TAP. A Iniciativa Liberal vai mais longe e pede diretamente a demissão do ministro das Infraestruturas.
Segundo o que o deputado Paulo Rios de Oliveira transmitiu aos jornalistas esta terça-feira, 4 de abril, no Parlamento “o conjunto de factos” que foram revelados na comissão de inquérito, que vai apenas na sua terceira audição, “mostram total irresponsabilidade, ligeireza, mentira e opacidade da parte do Governo”.
“Tem de ter consequências. O PSD espera reações e consequências”, declarou o deputado do PSD, centrando-se em dois governantes: João Galamba e Fernando Medina. “Os factos atingem uma gravidade que tem de haver consequências”, disse. Quais consequências? “Quem nomeia é o primeiro-ministro, e quem exonera é o primeiro-ministro”.
Galamba mentiu, acusa PSD
“Acabámos de saber que o ministro João Galamba, além de ter mentido ao Parlamento no que diz respeito ao impedimento da TAP apresentar os seus resultados, também se permite pré-organizar uma reunião, com membros do seu gabinete e deputados [um dia antes da audição na comissão parlamentar de economia da presidente da TAP, Christine Ourmières-Widener, em janeiro]”, considerou Paulo Rios de Oliveira. “É absolutamente inadmissível”.
“Um ministro que mente ao Parlamento e que organiza reuniões secretas é um ministro que tem de repensar se tem condições”, resumiu. A “mentira” apontada pelo PSD diz respeito à apresentação de resultados anuais, que não aconteceu na habitual conferência de imprensa por orientação do Governo – ainda que Galamba tenha dito que sim.
Mas a crítica foi também para Fernando Medina, por ter pedido à CEO da TAP que se demitisse, um dia antes de despedi-la publicamente. “Perante um relatório, chama a CEO e tenta convencê-la a tomar a atitude, não explicando porquê”, continuou o deputado social-democrata.
“É um ministro que não tem bem noção das suas responsabilidades”, frisou.
IL pede demissão de Galamba
A declaração de Paulo Rios de Oliveira ocorreu no intervalo da audição. Já antes, ao mesmo tempo que Christine Ourmières-Widener falava aos deputados, a Iniciativa Liberal marcou uma declaração aos jornalistas para que o seu líder, Rui Rocha, deixasse a sua posição.
Rui Rocha dirigiu-se sobretudo a Galamba por conta da reunião que ocorreu antes da audição parlamentar em janeiro, que contou também com membros do gabinete do antecessor, Pedro Nuno Santos, e de Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares. A IL não tem dúvidas de que foi Galamba que organizou o encontro em que participou também o deputado socialista Carlos Pereira, que integra a comissão de economia que ouviu no dia seguinte a CEO da TAP - e que é o coordenador do grupo parlamentar socialista na comissão de inquérito.
“Atendendo a que esta informação até ao momento não foi negada, que o sr. ministro João Galamba se demita. É insuportável do ponto de vista de separação de poderes que haja uma reunião desta natureza, para condicionar esclarecimentos que a CEO da TAP viria a dar”, continuou o líder parlamentar liberal.
Foi a IL que revelou, nas perguntas feitas pelo deputado Bernardo Blanco, que tinha havido uma reunião do grupo parlamentar do PS com Christine Ourmières-Widener antes de uma anterior audição parlamentar. Além do pedido de demissão, os liberais também solicitam explicações do líder parlamentar do PS sobre este comportamento.
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