Transportes

CEO da TAP considera ter direito a bónus e tem dúvidas sobre consultoria de €1,6 milhões paga a Fernando Pinto

CEO da TAP considera ter direito a bónus e tem dúvidas sobre consultoria de €1,6 milhões paga a Fernando Pinto
TIAGO MIRANDA

Fernando Pinto recebeu 1,6 milhões de euros por consultoria depois de deixar de ser presidente da TAP. A CEO tem dúvidas sobre se a consultoria ocorreu ou não

A presidente da comissão executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, considera que tem direito a bónus por ter alcançado lucros no ano passado, ainda que tenha sido afastada pelo Governo, acionista da transportadora aérea, em 2023.

“No meu entendimento, penso que mantenho o direito a este bónus, devido ao desempenho de 2022, completamente independente do que aconteceu em 2023”, segundo declarou a CEO na audição desta terça-feira, 4 de abril, na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

Christine Ourmières-Widener concordava assim com a deputada Mariana Mortágua, que considera que o contrato não exclui o bónus mesmo nos casos em que há demissão por justa causa. O Correio da Manhã noticiou que a CEO tem direito a um bónus de 3 milhões de euros segundo o seu contrato, caso cumpra os objetivos do plano de reestruturação até 2025.

Essa proibição só ocorreria se houvesse na TAP um contrato de gestão para os seus administradores, um tipo de contrato de empresas públicas que define os critérios para a atribuição de prémios, o que não era uma realidade. Algo que não existia na TAP como não acontecia em outras empresas públicas, e que só há meses começou a ser preparado.

Fernando Pinto recebeu 1,6 milhões por que serviços?

Entretanto, na audição, foi também referido pela deputada bloquista que Fernando Pinto, antigo presidente da TAP que saiu em 2018, manteve uma consultoria com a empresa até 2020, que lhe rendeu 1,6 milhões de euros, mas não há evidências do contrato nem de qual o seu objeto, ou se foi uma compensação por sair da empresa.

Mariana Mortágua referiu que a empresa Free Flight Consulting foi “criada para o efeito e não teve outra atividade a não ser receber o dinheiro pago pela TAP”.

“Não tenho provas”, disse Christine Ourmières-Widener, sobre se a consultoria aconteceu ou não – é CEO desde 2021.

O que a agora presidente demissionária declarou é que está a decorrer uma auditoria da EY que “vai dar respostas”. “Uma das questões que colocámos foi encontrar provas destes serviços”, continuou.

Pré-reforma a ex-administradores

Outro dos assuntos referidos foi a pré-reforma paga a Maximilian Otto Urbahn, de 1,35 milhões de euros, revelada na última audição. Disse que era “muito difícil compreender” o pagamento, daí que tenham pedido uma opinião externa sobre o seu valor, e foi essa resposta externa que disse que o pagamento deveria ser interrompido, e o dinheiro devolvido. Esse pedido de devolução.

Maximilian Otto Urbahn, o homem de confiança de Neeleman prestou também enquanto lá estava como administrador – juntamente com o ex-presidente Antonoaldo Neves, e o administrador David Pedrosa – serviços de consultoria à TAP, revelou Mariana Mortágua. Fizeram-no através de uma empresa externa, e por esses serviços receberam €4,3 milhões entre janeiro de 2016 e julho de 2020. Remuneração que acumulavam com o salário mensal.

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