O sindicato dos tripulantes marcou uma assembleia geral para 9 de março, na sequência de um impasse nas negociações entre a direção da easyJet Portugal e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) relativamente ao novo acordo de empresa e a aumentos salariais para 2023.
O objetivo é fazer um ponto da situação das negociações e agendar formas de luta. A greve não é um dos pontos da agenda, mas é uma hipótese que poderá ser colocada à discussão, segundo a direção do sindicato.
Os tripulantes da operação portuguesa reivindicam condições idênticas aos colegas das restantes operações europeias da easyJet, e pedem um aumento salarial acima dos 10%. Gostariam de ver esbatidas algumas das diferenças de tratamento que têm face a outras operações, como é o caso de escalas, que na operação portuguesa podem ser marcadas com 12 horas de diferença, sendo de 48 horas nas operações congéneres. Pedem, por isso, estabilidade de escala. Salientam ainda que a diferença salarial é significativa, e que mesmo com aumentos de 50% ficariam abaixo de outras operações europeias.
O atual acordo de empresa é de 2017. Costuma ser negociado de três em três anos, mas foi suspenso por causa da pandemia. A última vez que os tripulantes da easyJet foram aumentados foi em 2019.
A assembleia-geral de emergência irá realizar-se no próximo dia 09 de março, às 11h30, no Auditório do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). Em causa está o Acordo de Empresa (AE) que irá reger as nossas condições de trabalho para os próximos anos.
Operação cresce com trabalhadores que se dizem de segunda
O sindicato afirma que tem recebido como resposta da direção portuguesa, liderada por José Lopes, "uma proposta desfasada da realidade social e económica vivida na empresa e no nosso país".
"Apesar de ter todos os fundamentos, a empresa insiste em não aliar o crescimento notório nas bases portuguesas com a adequação das condições de trabalho dos tripulantes de cabine. A empresa continua a tratar os tripulantes portugueses como trabalhadores de segunda", lê-se no comunicado enviado aos tripulantes, a que o Expresso teve acesso. A easyJet tem atualmente a operar em Portugal 19 aeronaves e mais de 500 tripulantes.
O SNPVAC avança que reiteradamente não tem recebido contrapropostas à suas propostas. "Perante este cenário, entende a direção que além de estarmos afastados nas nossas pretensões, não estão reunidas as condições para negociar os valores que a empresa põe em cima da mesa", frisa.
"De uma vez por todas, a easyJet tem de parar de considerar que a sucursal de Portugal deve ter rentabilidade máxima, continuando a oferecer condições mínimas", aponta.
easyJet contesta, que cumpre a lei e mostra-se disponível para negociar
Contestando a argumentação do SNPVAC, a easyJet Portugal sublinha que cumpre a juridição local em matéria do código de trabalho. “A easyJet leva muito a sério as suas responsabilidades como empregador e emprega toda a sua tripulação ao abrigo de contratos locais, acordados com os sindicatos e em conformidade com a legislação local relevante, pelo que não é possível comparar os termos e condições entre diferentes jurisdições", afirma fonte oficial da companhia aérea.
Sublinha ainda que é um investidor relevante. Atualmente, em Portugal, a easyJet tem de 19 aviões baseados nos aeroportos portugueses e emprega mais de 750 funcionários.
"Graças aos nossos recentes investimentos no mercado, contratámos um número significativo de colaboradores nos últimos meses e continuamos a receber um elevado número de candidaturas para funções de tripulantes de cabine em Portugal, o que é uma prova das condições competitivas que oferecemos no mercado", afirma a empresa liderada em Portugal por José Lopes.
A easyJet abre a porta a conversações. "Estamos empenhados em trabalhar de forma construtiva com os representantes dos nossos funcionários para abordar as suas preocupações com o objetivo de assinar um acordo sustentável.”, salienta.
Notícia atualizada às 18:47 com posição da easyjet
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt