Desemprego aumenta para 6,8% no primeiro trimestre, mas emprego está em máximos desde 2011
marcos borga
A taxa de desemprego em Portugal voltou a aumentar no primeiro trimestre do ano. INE contabiliza 368,2 mil desempregados no país entre janeiro e março, mas a população empregada voltou a aumentar e atingiu o valor mais alto dos últimos 13 anos
A taxa de desemprego nacional está a aumentar há dois trimestres consecutivos. Depois de ter atingido 6,6% no quarto trimestre do ano passado, os primeiros três meses de 2024 terão agravado novamente o indicador do desemprego para 6,8%, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística conhecidos esta quarta-feira.
Os dados, ainda provisórios, traduzem um agravamento da taxa de desemprego em 0,2 pontos percentuais face ao trimestre anterior (o último de 2023), mas mantém o indicador do desemprego 0,4 p.p. abaixo do registado no primeiro trimestre do ano passado.
Nos primeiros três meses de 2024, a população desempregada, estimada em 368,2 mil pessoas, aumentou 3,8% (13,6 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior, tendo recuado 3,4% (12,9 mil) relativamente ao homólogo.
DESEMPREGO VOLTA A AGRAVAR-SE NO ARRANQUE DO ANO
Taxa de desemprego, em percentagem
Para a evolução homóloga da população desempregada contribuíram, segundo o INE, os decréscimos registados nos seguintes grupos populacionais: “homens (16,5 mil; 9,0%); pessoas dos 25 aos 34 anos (16,8 mil; 17,3%); com ensino secundário ou pós-secundário (10,4 mil; 7,1%); à procura de novo emprego (17,9 mil; 5,3%); e desempregados há 12 e mais meses (15,7 mil; 11,3%)”.
Desemprego de longa e muito longa duração recua
No período em análise, 33,5% da população desempregada encontrava-se nesta condição há 12 ou mais meses (desemprego de longa duração). O valor traduz uma redução do desemprego de longa duração face ao trimestre anterior em menos 2,4 pontos percentuais (p.p.) e também face ao contabilizado no mesmo trimestre de 2023 (menos 3 p.p.).
Esta variação homóloga negativa da proporção de desemprego de longa duração foi impulsionada pelas diminuições entre os homens (4,2 p.p.), no grupo etário dos 35 aos 44 anos (5,6 p.p.) e entre aqueles com ensino secundário e pós-secundário (6,3 p.p.).
O peso do desemprego de muito longa duração (24 ou mais meses) no desemprego de longa duração (55,4%) também diminuiu em 5,1 p.p. face ao trimestre anterior e em 7,0 p.p. relativamente ao mesmo trimestre de 2023.
“A taxa de desemprego de jovens (16 a 24 anos) foi estimada em 23,0%, tendo diminuído em relação ao trimestre anterior (0,9 p.p.) e aumentado relativamente ao trimestre homólogo (3,4 p.p.)”, sinaliza o organismo público de estatística.
Subutilização do trabalho agrava-se face ao último trimestre de 2023
Os dados do INE apontam, no entanto, para um aumento em cadeia, ou seja, face ao trimestre anterior, do indicador da subutilização do trabalho. Recorde-se que a subutilização do trabalho é um conceito que traduz o desemprego em sentido lato, abrangendo não só as pessoas classificadas como desempregadas pelo INE, mas também os trabalhadores a tempo parcial que gostariam de trabalhar mais horas, os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuraram ativamente emprego (os chamados ‘desencorajados’), e os inativos que procuram emprego mas não estavam disponíveis no imediato para aceitar uma colocação.
Mais de 90 trabalhadores da Efacec já receberam notificação de despedimento coletivo
Entre janeiro e março deste ano estavam nesta situação 646,1 mil pessoas, o que corresponde, segundo o INE, a um acréscimo de 1,5% (9,3 mil) em relação ao trimestre anterior e a um decréscimo de 5,0% (33,6 mil) relativamente ao período homólogo. Assim, a taxa de subutilização do trabalho, estimada em 11,7%, aumentou em relação ao trimestre anterior (0,1 p.p.) e diminuiu em termos homólogos (0,8 p.p.)
Emprego em máximos históricos
O primeiro trimestre de 2024 fica também marcado pelo aumento da população empregada que voltou a ultrapassar a fasquia dos 5 milhões, alcançado 5019,7 mil pessoas, o valor mais alto da atual série estatística do INE, iniciada em 2011. A população empregada aumentou 0,8% (39,2 mil pessoas) nos três primeiros meses de 2024 face ao trimestre anterior, e 1,8% (90,2 mil pessoas) face ao registado há um ano. A taxa de emprego correspondente situou-se em 56,6%, tendo diminuído 0,3 p.p. em relação ao quarto trimestre de 2023 e aumentado 0,1 p.p. relativamente ao primeiro trimestre de 2023.
EMPREGO EM MÁXIMOS DESDE 2011
População empregada em Portugal, em milhões de pessoas
Para o aumento da população empregada terão contribuído, segundo o INE, os acréscimos no emprego registados entre os homens (55,3 mil; 2,2%); as pessoas dos 25 aos 34 anos (50,3 mil; 5,4%); os detentores de ensino secundário ou pós-secundário (80,4 mil; 5,2%); os empregados no sector da indústria, construção, energia e água (44,4 mil; 3,6%), nomeadamente na construção, cujo aumento (21,8 mil; 6,6%) representou 49,1% da variação do sector, e os empregados no sector dos serviços (39,4 mil; 1,1%).
De igual modo, a alavancar a população empregada terá estado também o auemnto dos trabalhadores por conta de outrem (107,8 mil; 2,6%), com contrato sem termo (123,0 mil; 3,5%); e a tempo completo (78,2 mil; 1,7%).
Nota ainda para a população inativa com 16 e mais anos (3 598,7 mil pessoas) que, no primeiro trimestre de 2024, aumentou 1,7% (61,2 mil) em relação ao trimestre anterior e 1,9% (67,0 mil) relativamente ao homólogo primeiro trimestre.
E também para a proporção da população empregada em teletrabalho, ou seja, que trabalhou a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação. Nos primeiros três meses do ano, 19,7% dos trabalhadores (988,1 mil pessoas) estiveram nesta situação, mais 1,9 pontos percentuais (p.p.) do que no quarto trimestre de 2023.