Há muito que a remuneração deixou de ser o único critério de ponderação na decisão de um profissional que procura emprego. Ao fator salário associam-se, cada vez mais, outros critérios de ponderação, como a proposta de valor do empregador ou os benefícios que oferece. Ainda assim, um bom salário é um trunfo de negociação importante em qualquer empresa. Este ano, é nos setores da indústria, serviços e tecnologias que se concentrarão as remunerações mais aliciantes do mercado, com remunerações que podem chegar a 130 mil euros brutos anuais para um diretor-geral ou para um diretor industrial. As informações são da consultora Manpower que anualmente divulga a lista de funções mais procuradas e bem pagas nas empresas em Portugal.
Marcado por profundas alterações nos últimos anos e por uma acelerada transformação digital, o mercado de trabalho continuará a enfrentar em 2024 uma forte pressão resultante da escassez de talento qualificado capaz de suportar as empresas na sua resposta aos desafios da economia. E este é um cenário que não antecipa inversão a curto prazo.
“A escassez de talento mantém-se em valores historicamente elevados, com os perfis e as competências mais procuradas a evoluir à medida que as circunstâncias do mercado, as tecnologias e os requisitos organizacionais se transformam”, explica Pedro Amorim, diretor comercial (corporate sales director) do ManpowerGroup Portugal. O ranking deste ano - calculado a partir das remunerações apuradas pela empresa em 2023, nos recrutamentos realizados para cada uma das funções em questão - coloca em destaque posições de relevância estratégica para as organizações e, por isso, muito valorizadas em termos salariais.
Diretores-gerais e engenheiros na mira das empresas
Na primeira posição da tabela está a função de diretor-geral, nos sectores da indústria e serviços, com uma remuneração bruta anual que poderá chegar a 130 mil euros. Trata-se de uma profissão de alta senioridade, que requer experiência nos setores em que atua, bem como uma sólida formação comercial e financeira. “A complexidade crescente das operações empresariais, aliada à necessidade de lidar eficazmente com os desafios económicos em evolução permanente, eleva a valorização dos profissionais capacitados para ocupar este cargo”, explica Pedro Amorim.
Na segunda e terceira posições da lista de 10 profissões que deverão registar maior procura e valorização salarial no mercado de trabalho nacional ao longo deste ano estão ainda os diretores industriais, com uma remuneração bruta que pode chegar a também a 130 mil euros anuais e os diretores de compras, com um potencial salarial de 120 mil euros brutos anuais.
Mas da lista constam ainda outras profissões mais ligadas à engenharia, como os engenheiros de desenvolvimento (DevOps), com salários que podem chegar a 100 mil euros anuais, especialistas em cibersegurança (90 mil euros anuais), cloud architects e engenheiros de software, com 85 mil euros e 75 mil euros anuais, respetivamente.
Profissões mais bem pagas em Portugal
“Não sendo a remuneração o único critério que os trabalhadores avaliam na proposta de valor do empregador, assume ainda uma importância crítica nas suas decisões de progressão de carreira, algo que o atual cenário de inflação veio ainda reforçar”, explica Pedro Amorim. O responsável do ManpowerGroup realça que em 2024 continuaremos a assistir por parte das empresas a "um esforço no sentido de reforçar não só salários mas também benefícios, tais como bónus financeiros indexados à performance e rentabilidade, procurando assim atrair e fidelizar o talento qualificado e em particular aqueles profissionais cujo impacto no desempenho das organizações é decisivo”.
Profissões técnicas igualmente valorizadas
Além das posições de liderança ou outras altamente qualificadas, a consultora antecipa também a elevada procura de profissões técnicas e especializadas, que poderão registar em 2024 uma remuneração acima da média do mercado, fruto da escassez de perfis disponíveis.
É o caso dos motoristas de pesados para escalas internacionais. Trata-se de uma profissão exigente, não só devido às longas horas de condução, à necessidade de conhecimento de várias regulamentações nacionais e internacionais, mas também pelo isolamento que impõe e pelos riscos associados a acidentes. Neste caso, os salários podem rondas os 41.300 euros brutos anuais.
Chefes de cozinha especializados (em cozinha italiana, japonesa ou outras) podem auferir uma remuneração bruta anual de 35 mil euros anuais e registam também forte procura, tal como supervisores de logística, para quem o salário bruto anual pode chegar a 44.800 euros.
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